TEORIA DA CONTINGÊNCIA ESTRUTURAL DE DONALDSON ENQUANTO ESCOLHA ESTRATÉGICA: INCORPORANDO FATORES COMPORTAMENTAIS, COGNITIVOS E PSICOLÓGICOS NA ADAPTAÇÃO ORGANIZACIONAL
Teoria contingencial
Escolha estratégica
Nível administrativo
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Comportamento Organizacional
Autores
Nome
1 - Brenda Melissa Fonseca UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Luiz de Queiroz
2 - Arlete Aparecida de Abreu INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Formiga - MG
3 - Eliana Tadeu Terci UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Departamento de Economia, Administração e Sociologia
Reumo
O indivíduo, ao se envolver com uma organização, traz consigo sua história, experiências, cultura, perspectivas e crenças cognitivas, em que o ambiente corporativo não o transforma em um autômato racional. Apesar disso, muitas teorias organizacionais pecam ao ignorar a relevância dos indivíduos e suas psiques no processo decisório, especialmente, a teoria contingencial enquanto escolha estratégica. Donaldson (1998), um dos principais idealizadores dessa abordagem, reduz sua robustez ao não considerar a pessoa que toma a decisão estratégica como um elemento crítico no resultado da adaptação.
Neste ensaio, realizamos uma crítica à teoria da contingência estrutural de Donaldson (1998) por simplificar os fatores contingenciais e lhes atribuir um poder absoluto sobre a escolha estratégica. Propomos uma revisão da teoria para integrar aspectos comportamentais, cognitivos e psicológicos, visando uma compreensão mais completa das estratégias de adaptação organizacional. Além disso, argumentamos contra abordagens simplistas que negligenciam a complexidade humana e defendemos uma visão mais holística, que reconheça a relevância dos aspectos humanos nas decisões estratégicas de adaptação.
A teoria contingencial estrutural, embasada no funcionalismo adaptativo e no determinismo situacional de Donaldson (1998), postula que a estrutura organizacional ideal deve se ajustar continuamente aos fatores contingentes. Segundo essa abordagem, as escolhas estratégicas de estrutura são diretamente influenciadas por contingências específicas e previsíveis. Assim, identificar corretamente tais contingências permite que as estratégias executem ajustes sem problemas e que a estrutura possa se adaptar e reajustar conforme necessário sem interferência humana.
Nos concentramos em discutir pontos levantados por Donaldson (1998) sob seis aspectos principais: se a atuação do agente administrativo é significativa somente em pequenas organizações; se fatores contingenciais são os únicos determinantes da estratégia e adequação; se o tamanho da organização é o indicador mais importante para assegurar sua adequação estratégica; se há imprevisibilidade da estratégia em face do desconhecido; se a estratégia se resume a uma resposta passiva às pressões contingenciais e; se há necessidade de considerar elementos cognitivos no processo decisório.
Concluímos que: 1) A atuação do agente administrativo é significativa não apenas em pequenas organizações; 2) Fatores contingenciais não são os únicos determinantes da estratégia organizacional; 3) O tamanho da organização não é o indicador mais importante para garantir sua adequação estratégica; 4) Há imprevisibilidade na estratégia diante do desconhecido; 5) A estratégia não é apenas uma resposta passiva às pressões contingenciais; 6) É necessário considerar elementos cognitivos no processo decisório.
DONALDSON, Lex. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. R. Handbook de Estudos Organizacionais: modelos de análises e novas questões em estudos organizacionais. Vol. 1. São Paulo: Atlas, 1998. Páginas. 104 até 125.
DONALDSON, Lex. The normal science of structural contingency theory. Studying organizations: Theory and method, p. 51-70, 1999.
DONALDSON, Lex. The contingency theory of organizations. Sage, 2001.