Resumo

Título do Artigo

“O JEITO BAIANO DE FAZER MARKETING”: REFLEXÕES SOBRE A PREMÊNCIA DA DECOLONIZAÇÃO EM MARKETING NO BRASIL A PARTIR DE UMA REALIDADE PERIFÉRICA
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Palavras Chave

Decolonização do marketing
História dos estudos de marketing no Brasil
Aspectos culturais e locais

Área

Marketing

Tema

Marketing e Sociedade

Autores

Nome
1 - LUCIANA ALVES RODAS VERA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO / UFBA
2 - Fabio Vinicius de Macedo Bergamo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA (UESB) - Departamento de Ciências Sociais Aplicadas

Reumo

A prática de marketing antecede os estudos formais da área e está enraizada em negociações históricas. No entanto, o conhecimento predominante no Brasil vem de países do Norte Global, especialmente dos EUA, tendo Kotler como principal autor. Recentemente, pesquisadores brasileiros têm discutido a decolonização do marketing, questionando a importação de teoria e práticas sem considerar especificidades locais. Este ensaio discute essa decolonização, tomando como exemplo a Bahia, e reflete sobre a apropriação do marketing em contextos periféricos em relação ao mainstream internacional e nacional
No contexto dessas discussões, surgem questões como: A quem interessa o conhecimento disseminado sobre marketing no Brasil, sendo ele majoritariamente importado dos EUA? O discurso a respeito do marketing no Brasil seria mesmo supostamente neutro? Sob quais condições o ensino, a pesquisa e prática são feitos na área de marketing no Brasil? Neste sentido, o objetivo deste ensaio teórico é discutir sobre decolonização do marketing e refletir sobre as possibilidades da apropriação do marketing para contextos periféricos dentro da produção do conhecimento na área, tomando como exemplo a Bahia.
A decolonização do marketing envolve a rejeição da dependência de teorias e práticas mainstream, importadas de países como os EUA. Autores como Ferreira e Hemais (2023) argumentam que é essencial buscar conhecimentos criados por vozes silenciadas pela colonialidade. Este ensaio explora a introdução do ensino de marketing no Brasil e como essa importação de conhecimento moldou a prática e o ensino da área em todo o país. Na Bahia, por exemplo, escolas de administração, professores e profissionais de marketing vem de uma raiz de formação comum, colonizada. Propõe-se uma mudança de paradigma.
A decolonização do marketing no Brasil é um desafio complexo. É necessário um esforço estruturado que vá em duas rotas. A primeira é a formação. Deve-se incorporar a decolonização nos projetos pedagógicos dos cursos e planos de ensino. Além disso, é crucial criar materiais acadêmicos que tenham a decolonização como conceito central, promovendo discussões que envolvam a universidade e a sociedade. Isto fará com que a segunda rota, a da prática profissional, se dê com maior valorização própria, em detrimento da contratação de mão-de-obra e de fornecedores de outros locais ligados ao mainstream.
Este ensaio teórico propõe que a decolonização do marketing deve valorizar intensamente os aspectos sociais e culturais dos contextos locais, como a Bahia, reconhecida neste aspecto. A resistência à colonização interna é crucial, e a valorização da cultura local é essencial. Embora o conhecimento norte-americano esteja profundamente enraizado, é possível construir um marketing que reflita as realidades locais, promovendo uma decolonização efetiva tanto na academia (onde se produz o conhecimento e onde se formam os profissionais), quanto na prática profissional, que precisa valorizar tal visão.
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