Resumo

A heterogeneidade das práticas de responsabilidade evoca a expansão do campo epistemológico para além pesquisa, focada no desenvolvimento da práxis responsável. A literatura sugere que as atuais dimensões da Inovação Responsável (IR) não representam a sua totalidade. A Mobilidade Inteligente (MI) engloba múltiplas inovações que requerem um desenvolvimento ponderado e sustentável, sendo um contexto adequado para estudar IR.

A inovação é mais do que desenvolver produtos e serviços, ela é um veículo de adaptação para os Grandes Desafios Societais (GDSs) (Voegtlin et al., 2022). Os inovadores correm o risco de olhar para métricas erradas e se não houver nenhuma maneira de prever ou prevenir as consequências das inovações, todas as conversas sobre responsabilidade se tornam infundadas e enganosas (Blok e Lemmens, 2015). Mediante as contribuições dos estudos relativos à IR no contexto de MI, este estudo tem por objetivo analisar e avançar o campo de práxis da IR propondo a Experimentação como nova dimensão.

As dimensões da IR (antecipação, reflexividade, inclusão e capacidade de resposta), pioneiramente estabelecidas por Stilgoe, Owen e Macnaghten (2013), se mostraram heuristicamente úteis para o contexto prático da IR. Todavia, os próprios autores apontaram que a forma que a responsabilidade foi enquadrada varie com o tempo. Estudos contemporâneos abordam que é preciso observar as tendências da regulamentação e a capacidade de integrar continuamente as descobertas científicas mais recentes ao contexto da implementação da IR (Dreyer et al., 2020; Owen et al., 2021).

As análises da dimensão Experimentação perante a concepção política, abordando o carácter técnico-social-ético da IR; concepção técnica, com as facetas de sua aplicabilidade; e a concepção interacional, apontando as relações institucionais e seus respectivos níveis de interação.

Sugere-se a adoção da abordagem experimental no processo de desenvolvimento da IR como forma de mitigar incertezas através do envolvimento de processos laboratoriais, permitindo que cidadãos e demais atores examinem criticamente as dinâmicas e ideologias da inovação.

Agriesti, S. A. M., Soe, R. M., & Saif, M. A. (2022). Framework for connecting the mobility challenges in low density areas to smart mobility solutions: the case study of Estonian municipalities. Eur. Transp. Res. Rev., 14(32). https://doi.org/10.1186/s12544-022-00557-y Bastidas, V., Oti-Sarpong, K., Nochta, T., Wan, L., Tang, J., & Schooling, J. (2023). Leadership for responsible digital innovation in the built environment: A socio-technical review for re-establishing competencies. Journal of Urban Management, 12(1), 57-73. https://doi.org/10.1016/j.jum.2023.01.004.