Resumo

A delimitação deste trabalho consistiu na estimação do impacto de uma possível redução do preço do gás natural, após a aprovação da “Nova Lei do Gás Natural” (Brasil, 2021), na economia do Espírito Santo, utilizando para tal estimação a Matriz de Insumo-Produto do estado do Espírito Santo (MIP-ES, 2015). Segundo Morais (2021), a nova lei procura atrair novos participantes para a cadeia produtiva, aumentar os investimentos, reduzir os preços e promover uma maior integração da produção de gás natural com os setores de geração de geração de energia elétrica e industrial.

Sendo assim, este artigo se justifica devido à importância da discussão relacionada ao gás natural e busca colaborar com pesquisas de contexto regional, possuindo a seguinte pergunta de pesquisa: “Qual é o impacto econômico resultante de uma redução do preço do gás natural na economia do Espírito Santo?”, e como resposta, o objetivo geral de: estimar o impacto econômico resultante de uma redução do preço do gás natural na economia do Espírito Santo.

O gás natural é um insumo energético encontrado principalmente, no caso do Brasil, associado ao petróleo, portanto, a sua produção está diretamente relacionada à produção do óleo (Correia Jr., 2013). Por ser encontrado, principalmente, junto ao óleo, a produção de gás natural possui forte relação com a produção de petróleo (Prates et al., 2006), especialmente no Brasil, onde, entre 2013 e 2022, cerca de 79,0% do gás produzido foi associado ao petróleo. O estado do Espírito Santo se comportou de maneira quase idêntica, com cerca de 79,6% do gás produzido no estado sendo de gás associado.

Para calcular os impactos de uma redução do preço do gás natural na economia capixaba foi utilizada a Matriz de Insumo-Produto do Espírito Santo (MIP-ES). Esta ferramenta estatística permite analisar a interdependência entre diferentes setores de uma economia, mostrando como cada setor utiliza os bens e serviços produzidos por outros setores como insumos para sua própria produção (Leontief, 1951).

Ao aplicar essa alteração na demanda no valor de R$ 629,54 milhões, os setores de “Comércio por atacado e a varejo” (+R$ 452,61 milhões), “Transportes” (+R$91,09 milhões) e “Metalurgia” (+R$ 44,04 milhões) foram os que tiveram maior aumento na produção, em termos absolutos. Em termos relativos, os destaques foram, primeiramente, o setor de “Comércio por atacado e varejo”, com uma variação positiva de 1,87%, e em seguida foi o da “Pecuária, inclusive o apoio à pecuária”, que teve um aumento de 1,81% (+R$ 39,02 milhões).

Portanto, os resultados deste trabalho são relevantes para que o estado do Espírito Santo possa continuar propondo políticas que estimulem a oferta de gás natural, e a competitividade no setor, utilizando a nova lei do gás natural em seu favor, elevando assim os investimentos em setores importantes e, por consequência, movimentando a economia capixaba. A redução do preço do gás natural pode ser um fator importante para aumentar a competitividade da indústria capixaba, que passa por certa instabilidade.

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Org.). Painel dinâmico: produção de petróleo e gás natural - atualizado em 10/06/2024. Disponível em: https://abrir.link/Hinud. Acesso em: 06 de jul. de 2024. ASRP-ES - Agência de Regulação de Serviços Públicos do Estado do Espírito Santo (Org.). Balanço Energético do Estado do Espírito Santo 2022. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://encurtador.com.br/G5dQW. Acesso em: 3 jul. 2023.