1 - Sophia Lourenço Porto UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - FACIC - Faculdade de Ciências Contábeis
2 - Graciela Dias Coelho Jones UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - Faculdade de Ciências Contábeis - Núcleo de Contabilidade Gerencial e Finanças
Reumo
No Brasil, as Instituições Financeiras (IFs) têm dado especial atenção às práticas da Responsabilidade Social, Ambiental e Climática. As IFs esperam o retorno financeiro da concessão de crédito, os Clientes esperam o crédito para financiamento de suas atividades e os Órgãos Reguladores estabelecem as diretrizes que permitem o controle dos contratos estabelecidos, com vistas a gestão dos Riscos Sociais Ambientais e Climáticos (RSAC). Enfim, os interesses particulares e, de certa forma, distintos sugerem possíveis conflitos de interesse, bem como a necessidade de entendimento e de reflexão.
O objetivo do presente ensaio teórico é refletir sobre conflitos de interesse no processo de análise e concessão de crédito nas Instituições Financeiras no Brasil, tomando como base a Teoria da Agência. O ensaio apresenta, discute e argumenta sobre três supostas relações de conflito de interesse, a saber: Órgãos Reguladores - Instituições Financeiras; Clientes - Instituições Financeiras; e Administração das Instituições Financeiras - Empregados (Gerentes), considerando que as operações financeiras precisam estar alinhadas às exigências dos órgãos reguladores.
O interesse mundial pelo desenvolvimento sustentável é cada vez mais urgente na atualidade. As boas práticas de ESG contribuem para melhor visibilidade das empresas pelo mercado que pressiona por ações sustentáveis (Celestino; Pereira; Camara, 2023). Para Jensen e Meckling (1976), a relação de agência pode ser definida como um contrato em que os sujeitos são Principal e Agente; o Principal delega ao Agente, o emprego de executar em seu nome atividades que exigem concessão de poder. Lourenço e Sauerbronn (2017) apresentam outras possibilidades para estudo da agência.
Os Órgãos Reguladores (Principal) esperam das Instituições Financeiras (Agente) a aplicação de procedimentos que garantam a boa gestão dos RSAC. Os Clientes (Principal) esperam que as Instituições Financeiras (Agentes) atendam às suas expectativas de crédito barato, rápido e sem burocracia. Os Administradores das IFs (Principal) esperam que os Empregados (Agentes) executem os procedimentos para gerenciamento dos RSAC ao mesmo tempo em que produzam resultado financeiro (gerem lucro). Cada uma das relações foram discutidas à luz da Teoria da Agência.
Os conflitos de interesses no processo de análise e concessão de crédito nas IFs foram discutidos à luz da Teoria da Agência. Com base nas reflexões, infere-se teoricamente que o gerenciamento dos RSAC encontra algumas barreiras nas IFs, entre elas, os conflitos de interesse nas relações apresentadas. Sugere-se que as relações de interesse sejam testadas por meio de pesquisa empírica, com proposta de levantar a percepção de sujeitos reais, além da abordagem e contribuição teórica.
JENSEN, Michael C.; MECKLING, William H. Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, (1976), p. 305-360.
OGDEN, S. The limitations of Agency Theory: the case of accounting-based profit sharing schemes. Critical Perspectives on Accounting, 4, pp. 179-206, 1993.
SHAIKH, I. A.; O’CONNOR, G. C. Understanding the motivations of technology managers in radical innovation decisions in the mature R&D firm context: An Agency theory perspective. Journal of Engineering and Technology Management, 55, 101553, 2020.