1 - LORENA DE OLIVEIRA BORBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
2 - José Glauber Cavalcante dos Santos UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
3 - Paulo Henrique Nobre Parente UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE (FEAAC)
4 - Tatiana Aquino Almeida CENTRO UNIVERSITÁRIO CHRISTUS (UNICHRISTUS) - Dom Luís
Reumo
Nas empresas do agronegócio, as informações contábeis acerca dos ativos biológicos e produtos agrícolas são essenciais, dadas algumas características desses ativos. O CPC 29 indica que eles serão avaliados a valor justo líquido de despesa de venda: (i) no reconhecimento inicial e no final de cada período de competência (ativo biológico) e (ii) na colheita (produto agrícola). Nesses momentos, ganhos e perdas identificados devem ser refletidos no resultado do período. Esses ganhos (e perdas) podem estar relacionados com o fenômeno da transformação biológica.
Partindo dessa discussão, a pesquisa tem como questão: qual a relevância informacional contábil dos ativos biológicos reconhecidos pelas empresas de capital aberto listadas na bolsa de valores brasileira (Brasil Bolsa Balcão – B3)? O objetivo do estudo é investigar o valor informativo dos números contábeis relativos aos ativos biológicos reconhecidos pelas empresas de capital aberto listadas na bolsa de valores brasileira.
Como é possível constatar, todas as mudanças ocasionadas pela IAS 41 e traduzidas pelo pronunciamento técnico CPC 29 devem ter repercutido na qualidade da informação contábil de entidades e negócios que dependem dos ativos biológicos como recursos críticos e essenciais. Holtz e Almeida (2013) explicam que a utilidade da informação contábil relaciona-se com a sua capacidade modificar expectativas. Klann, Leite e Brighenti (2017) argumentam que a divulgação de informações contábeis impacta no preço das ações, porque as demonstrações contábeis transcrevem o desempenho das entidades.
Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, documental e quantitativa, composta por uma amostra de 20 empresas correspondentes aos subsetores “agropecuária”, “alimentos processados” e “madeira e papel” da B3, analisadas nos exercícios de 2020, 2021 e 2022, totalizando 52 observações. Para avaliar a value-relevance do ativo biológico, adota-se a regressão linear múltipla como técnica utilizando-se o modelo de Collins et al. (1997), adaptação do modelo de Ohlson (1995). Foram coletados dados dos ativos biológicos das empresas nas Notas Explicativas.
Percebe-se que Bio é estatisticamente significante no limite dos 5%, com coeficiente 0,5053. Desse modo, demonstra-se que o reconhecimento de ativos biológicos nos balanços patrimoniais dessas empresas produz diferenças na avaliação a mercado. O impacto é positivo, sugerindo que essa informação associa-se ao incremento de fluxos de caixa futuros das empresas. O valor do ativo biológico apresenta ser significante a nível de 1% e coeficiente 0,2936. A presença de ativos biológicos no balanço e seu valor refletem positivamente no preço das empresas.
Concluiu-se que a mera existência de ativos biológicos na estrutura patrimonial de empresas pertencentes a setores sensíveis acaba por refletir diferenças em termos de avaliação dessas empresas. O valor reconhecido no balanço também afeta positivamente o preço e reduz a relevância do patrimônio líquido. Embora o disclosure não seja relevante, sua combinação com as informações numéricas sobre os ativos biológicos afeta positivamente o valor de mercado. Isso indica que o mercado opta por um conjunto de informações (qualitativas e quantitativas) na avaliação das firmas.
GONÇALVES, R., LOPES, P., CRAIG, R. Value relevance of biological assets under IFRS. Journal of International Accounting, Auditing and Taxation, v. 29, p. 118-126, 2017.
SILVA FILHO, A. D. C.; CAMPOS, S. J. B.; PAULO, E.; CÂMARA, R. D. B. Sensibilidade do Patrimônio Líquido a adoção do fair value na avaliação dos ativos biológicos e produtos agrícolas: um estudo nas empresas do agronegócio listadas na Bovespa no período de 2008 e 2009. Custos e @gronegócio on line, v. 8, especial, p. 59-77, 2012.