Educação Financeira
Comportamento de Poupança
Experimentos Financeiros
Área
Finanças
Tema
Finanças Comportamentais
Autores
Nome
1 - Louize Pereira Oliveira Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEA-USP
2 - Marcelo Praxedes da Silva Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - FEAUSP
3 - Wendel Marcos dos Santos UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP) - INDIANOPÓLIS
Reumo
O presente trabalho aborda a baixa literacia financeira entre jovens brasileiros de 18 a 40 anos, ressaltando a importância do conhecimento financeiro para o desenvolvimento de reservas financeiras e habilidades de gestão em situações de emergência (Lusardi, 2019; Murta & Gama, 2021). Propõe-se o uso de intervenções estruturais, como o particionamento de contas, para efetivamente melhorar o comportamento financeiro e aumentar a capacidade de poupança dessa faixa etária, através de métodos que facilitam a formação de hábitos financeiros saudáveis.
O problema de pesquisa identifica a insuficiente reserva financeira entre jovens brasileiros de 20 a 24 anos, que ao ingressarem no mercado de trabalho, enfrentam vulnerabilidades financeiras e limitações no planejamento futuro (Silveira, Ferreira & De Almeida, 2020). O objetivo da pesquisa é investigar a eficácia do particionamento de contas e dos depósitos automáticos como intervenções estruturais que possam efetivamente incentivar a prática de poupança entre os jovens, visando contribuir para o desenvolvimento de políticas e programas que promovam hábitos financeiros saudáveis e robustos.
A fundamentação teórica do estudo ressalta a distinção entre educação e conhecimento financeiro, este último essencial para tomadas de decisões financeiras informadas (Lusardi, 2019). O particionamento de contas é apoiado pela teoria dos contêineres mentais, que sugere que separar fundos em diferentes contas cria barreiras psicológicas contra gastos imprudentes (Thaler & Sunstein, 2008). Estudos adicionais destacam que depósitos automáticos facilitam a poupança ao reduzir a procrastinação e tentação de gastos, promovendo hábitos financeiros saudáveis (Beshears et al., 2021).
O estudo adota um desenho experimental 2x2x2, envolvendo 320 jovens brasileiros de 20 a 24 anos, em seu primeiro emprego, recebendo até dois salários mínimos. Os participantes serão randomizados em grupos com variáveis como conhecimento financeiro, particionamento de contas, e método de depósito (automático ou manual). A análise de dados será realizada utilizando ANOVA para examinar os efeitos principais e interações entre as variáveis (Cohen, 2018). Os dados serão coletados por seis meses, com avaliações mensais do saldo das contas e questionários de percepção.
A análise dos resultados foi conduzida utilizando ANOVA fatorial 2x2x2 para investigar os efeitos principais e as interações entre conhecimento financeiro, particionamento de contas e meio de depósito. Serão examinados os impactos na quantidade de dinheiro poupado. Testes post hoc, como o de Tukey, serão aplicados para explorar diferenças específicas entre os grupos, avaliando como as intervenções aumentam a poupança. Espera-se que o particionamento e o depósito automático aumentem significativamente a poupança entre os jovens (Beshears et al., 2021; Thaler & Sunstein, 2008).
Os resultados sugerem que o particionamento de contas e os depósitos automáticos são intervenções eficazes para aumentar a poupança entre jovens brasileiros. Essas estratégias promovem hábitos financeiros mais saudáveis e podem ser incorporadas em políticas públicas e programas educacionais para fortalecer a literacia financeira e segurança econômica dos jovens. A adoção dessas práticas poderia mitigar vulnerabilidades financeiras e incentivar um planejamento financeiro mais robusto desde cedo, contribuindo para a estabilidade financeira a longo prazo (Brüggen et al., 2017; Lusardi, 2019).
Beshears, J., Choi, J. J., Laibson, D., & Madrian, B. C. (2020). How Does Simplified Disclosure Affect Individuals' Mutual Fund Choices? Experimental Evidence. Journal of Finance, 75(3),1375-1412.
Brüggen, E. C., Hogreve, J., Holmlund, M., Kabadayi, S., & Löfgren, M. (2017). Financial well-being: A conceptualization and research agenda. Journal of Business Research, 79, 228–237. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.03.013
Lusardi, A. (2019). Financial literacy and the need for financial education: evidence and implications. Swiss Journal of Economics and Statistics, 155(1).