Resumo

O impacto ambiental das atividades humanas tornou-se uma preocupação global crescente, com aumento de desastres ambientais. Esse cenário exige medidas urgentes, uma vez que os modelos de negócios atuais ainda contribuem para esses riscos, destacando a importância do debate sobre estratégias organizacionais. A inovação verde é reconhecida como essencial para superar esses obstáculos e permitir que as sociedades prosperem em meio a questões ambientais e escassez de recursos, exigindo compromissos dos principais decisores corporativos.

Apesar de discussões ambientais desde a Conferência de Estocolmo (1972), o papel das empresas foi abordado apenas no Pacto Global da ONU em 2000. Assim, a pesquisa sobre inovação verde nas empresas está em estágio inicial, sem revisões abrangendo governança corporativa e inovação verde. O papel dos atores de governança na inovação verde ainda é indeterminado na literatura, estimulando novos diálogos. Este estudo visa mapear a relação entre atores de governança corporativa e inovação verde por meio de uma revisão sistemática da literatura (RSL) usando o método Proknow-C.

Com base na teoria institucional, as organizações adotariam a inovação verde (IV) por imposição regulatória. Já a visão baseada em recursos, vê a IV como uma vantagem competitiva. A teoria agência-stakeholders prevê conflitos, já que os stakeholders podem estar mais motivados para questões socioambientais, exigindo maior empenho da gerência. Esta, por sua vez, prefere resultados rápidos, mediando o conflito pela adoção de melhores práticas de governança. A teoria do alto escalão indica que a liderança favorece a IV. Diversas outras teorias explicam a relação CG-GI, suscitando novas análises.

A inovação verde (IV) é considerada relevante para a orientação estratégica de longo prazo, sobrevivência da organização e para o desenvolvimento sustentável. Mas para sua implementação bem-sucedida ela exige envolvimento dos tomadores de decisão das organizações, que devem possuir competências adicionais para favorecer a incorporação de novos conceitos, conhecimentos e práticas para melhorar a sustentabilidade ambiental. Portanto, apresentou-se um mapa da literatura para elucidar características favoráveis dos principais tomadores de decisão das organizações que favorecem a adoção de IV.

A revisão mapeou estudos com indicadores de GC que têm relação positiva com a inovação verde, como a adoção de sistema regulatório, a influência dos stakeholders, a diversidade de idade e independência do conselho, a dualidade e participação política do CEO, a qualidade das divulgações ambientais, e o índice de liderança responsável. Outros estudos apresentam resultados controversos, com resultados positivos em algumas análises e sem relação em outras, como a diversidade e o grau de formação do conselho. Isso indica a necessidade de novas investigações para avaliar diferentes proxies.

ARENA, Claudia; MICHELON, Giovanna; TROJANOWSKI, Grzegorz. Big egos can be green: A study of CEO hubris and environmental innovation. British Journal of Management, v. 29, n. 2, p. 316-336, 2018. HE, Xiaoping; JIANG, Shuo. Does gender diversity matter for green innovation?. Business Strategy and the Environment, v. 28, n. 7, p. 1341-1356, 2019. NADEEM, M.; BAHADAR, S.; GULL, A. A.; IQBAL, U. Are women eco-friendly? Board gender diversity and environmental innovation. Business Strategy and the Environment, v.29, n.8, p.1-16, 2020. Doi:10.1002/bse.2563