Sofrimento psíquico
Saúde Mental
Universidade Pública
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Bem-Estar e Mal-Estar no Trabalho
Autores
Nome
1 - Isana Maria da Silva Resende UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
2 - Brunna Carvalho Almeida Granja UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Campus Recife/PE
3 - Paulo Henrique da Silva Araujo UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Coordenação de Assentamento Funcional
Reumo
No âmbito da gestão pública brasileira, é importante considerar a temática associada à saúde mental uma vez que, o aumento do número de servidores afastados de suas atividades por motivo de doença associada aos transtornos mentais e comportamentais pode afetar a qualidade dos serviços. Partindo da Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 1994), é possível estabelecer uma associação com a sociedade do cansaço (Han, 2015) e nesse contexto, é fundamental que as instituições, sobretudo as comprometidas com a formação de pessoas, fomentem a discussão acerca de saúde mental de modo institucional.
A sociedade atual apresenta um cenário alarmante relacionado à saúde mental. Mundialmente, o Brasil está em quinto lugar no ranking de países com maior índice desta doença. Considerando que esse cenário também se reflete na Administração Pública Federal, em especial, nas Universidades Públicas, o estudo tem por objetivo analisar a incidência do sofrimento psíquico nos servidores vinculados à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida da UFPE, no período de 2015 a 2023, sob a ótica da relação do indivíduo com o trabalho.
A Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 1994), corresponde à análise dos processos psíquicos pela confrontação do sujeito com o trabalho. Corroboram com essa teoria Seligmann-Silva (2007), ao confirmar a influência do trabalho na saúde mental e, Bendassoli (2007), ao afirmar que o trabalho pode contribuir para o tratamento de doenças da mente ou causar sofrimento. Em paralelo, tem-se a perspectiva da sociedade atual, que gera indivíduos fracassados e deprimidos (Han,2015). Diante do exposto, é realizada uma análise do sofrimento psíquico em uma Universidade pública, com foco em uma Pró-Reitoria.
A pesquisa é de natureza aplicada, com abordagem quali-quanti. Quanto aos meios, realizou-se pesquisa bibliográfica e documental, além da aplicação de questionário, administrado via Google Forms, e realização de entrevistas semiestruturadas. O questionário foi aplicado a 20% dos servidores da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida e a entrevista foi realizada com profissionais atuantes na escuta qualificada de servidores notadamente em sofrimento psíquico e com os responsáveis pela coordenação dos programas da UFPE, na área de Saúde Mental.
Identificou-se tendência de ascensão no número de afastamentos por transtorno mental e comportamental nos servidores da UFPE e tendência de redução, dos referidos afastamentos, na Pró-Reitoria alvo do estudo. Dos respondentes que alegaram ter tido diagnóstico, nos últimos 5 anos, de problemas relacionados à saúde mental, a maioria associou a questões profissionais. Destaca-se também o impacto positivo dos fatores sociais nas atividades profissionais e, apesar da maioria dos servidores alegar identificação com o trabalho, foi apontada sobrecarga associada ao trabalho.
Diante das constatações e análises, é importante ter ciência de que a normalidade dos comportamentos não implica a ausência de sofrimento. E que o sofrimento, além disso, não exclui o prazer (Dejours, 1994). É possível sofrer e ter prazer no ambiente de trabalho, assim como é possível ter um comportamento aceito socialmente e estar em sofrimento. De todo modo, é possível afirmar que para uma instituição oferecer permanentemente um serviço de qualidade à sociedade, é imprescindível prezar pela saúde dos seus servidores, em sua integralidade, incluindo a saúde mental.
BENDASSOLI, P.F. Saúde e trabalho podem caminhar juntos? GV exceutivo, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 26-30, jul./dez., 2012.
DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI Elisabeth, JAYET, Christian. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas,1994.
SELIGMANN-SILVA, E. Psicopatologia e Saúde Mental no Trabalho. In. MENDES, R (org). Patologia do Trabalho. 2.ed. atual. Eampl. São Paulo: Atheneu, 2007.