Ações Afirmativas
Resultados Educacionais
Mercado de Trabalho
Área
Administração Pública
Tema
Gestão e Inovação em Políticas Públicas
Autores
Nome
1 - Ana Maria Jerônimo Soares UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - PPGA/UFRN Natal
2 - Raquel Sampaio UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - ECT/PPGA
Reumo
A literatura empírica que aborda os impactos das políticas de Ações Afirmativas (AA) é abrangente, sobretudo em relação aos resultados educacionais e no mercado de trabalho. No entanto, a carência de informações compiladas sobre as produções acadêmicas mais recentes nessa área pode ser uma limitação para o avanço do conhecimento em tal temática. Em países como o Brasil, as políticas de AA no ensino superior motivaram a realização de um amplo conjunto de estudos em um período curto, o que demanda uma sistematização da literatura para que o debate possa ser atualizado.
I) Qual é o estágio atual das pesquisas sobre os impactos das ações afirmativas para acesso ao ensino superior, considerando os resultados educacionais e do mercado de trabalho? (II) Quais caminhos futuros a pesquisa sobre os efeitos das ações afirmativas nos resultados educacionais e do mercado de trabalho pode seguir? O objetivo desta revisão é compreender o estado atual das pesquisas sobre os efeitos das ações afirmativas para acesso ao ensino superior, em relação aos resultados educacionais e do mercado de trabalho e, com base nessa análise, sugerir direções para futuras investigações.
Há evidências de que as AA melhoram os resultados educacionais de grupos-alvo (Akhtari et al., 2024; Mello, 2023), ampliando as matrículas, frequência, desempenho acadêmico e conclusão do curso. No que diz respeito ao mercado de trabalho, o maior nível educacional dos indivíduos amplia suas oportunidades profissionais (Foroutan, 2023). Esses resultados variam de acordo com fatores socioeconômicos e raciais/étnicos (Akhtari et al., 2024), gênero (Francis-Tan & Tannuri-Pianto, 2018), tipo de escola que cursou o ensino médio (Mello, 2023), entre outras variáveis.
A principal teoria empregada é a de Mismatch. As pesquisas analisadas utilizaram dados de diferentes países, sendo o Brasil o que se destacou com o maior número total de estudos. As análises não se concentraram nos cursos mais concorridos. No que se refere às metodologias, a maioria dos estudos adota uma abordagem quantitativa, empregando uma variedade de modelos econométricos e técnicas estatísticas. Ademais, a organização da revisão baseada em estruturas (TCM) foi importante para fornecer uma síntese lógica acerca do estágio atual das pesquisas e dos pontos que ainda podem ser esclarecidos.
Além de fornecer um amplo conjunto de referências e evidências que podem ser exploradas por pesquisadores, as análises apresentadas nas discussões indicam o papel significativo das ações afirmativas na promoção da equidade no acesso ao ensino superior. Ademais, identificou-se que o acesso por si só não garante o sucesso acadêmico-profissional, pois, conforme apresentado na seção de resultados, há tanto barreiras quanto facilitadores para a permanência, formação e inserção no mercado de trabalho.
Akhtari, M., et al. (2024). Affirmative Action and Precollege Human Capital. American Economic Journal: Applied Economics, 16(1), 1-32.
Foroutan, Y. (2023). Education's economic return in multicultural Australia: Demographic analysis. Journal of Sociology, 59(1), 120-141.
Francis-Tan, A., & Tannuri-Pianto, M. (2018). Black Movement: Using discontinuities in admissions to study the effects of college quality and affirmative action. Journal of Development Economics, 135, 97-116.
Mello, U. (2023). Affirmative action and the choice of schools. Journal of Public Economics, 219, 104824.