1 - Sophia Silva Dragão Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - FEARP/USP - Ribeirão Preto
2 - Adriana Fiorani Pennabel UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Departamento de Administração - PPGAO
3 - Emanuele Seicenti de Brito USP - Universidade de São Paulo - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
4 - Luciana Romano Morilas USP - Universidade de São Paulo - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - FEA-RP
Reumo
Correspondendo a mais de 50% da população e com mais instrução formal que os homens, as mulheres têm taxa de participação no mercado de trabalho 20% mais baixa, e recebem aproximadamente 22% a menos do que homens brasileiros exercendo a mesma função. A situação se repete em cargos de liderança de organizações privadas e de instituições públicas. O tema da representatividade feminina em posições de liderança costuma ser secundário na maior parte dos estudos acadêmicos.
O estudo objetiva investigar a diferença de representatividade entre mulheres e homens em cargos de gestão em uma escola de negócios de uma IES pública. Escolas de negócios têm entre suas funções preparar estudantes para a atuação como gestores, seja no setor público como no privado (Kotler; Keller, 2012). Analisar a representatividade feminina em cargos de liderança, ajuda a promover uma sociedade mais equilibrada e igualitária, de forma alinhada aos princípios organizacionais e aos direitos previstos na Constituição Federal de 1988.
A construção dos estereótipos envolve processos de socialização e comunicação midiática, variando conforme costumes, sexo, raça e classe social (Duarte e Spinelli, 2019). As mulheres são particularmente afetadas devido à subordinação e inferioridade social naturalizadas por discursos e comportamentos discriminatórios. A baixa representatividade de mulheres em cargos de gestão, tanto em empresas privadas quanto em instituições públicas, como nas universidades federais e estaduais, tem impacto direto na diversidade e reforça a sub-representatividade do gênero (Kloster, 2022).
Realizou-se uma análise documental, a partir de dados obtidos junto à diretoria de uma escola de negócios de uma IES pública do estado de São Paulo. O período analisado corresponde a 21 anos (2002 - 2023), incluindo a data de autonomia administrativa da unidade aos dias atuais. Dados coletados junto ao site institucional e ao Portal da Transparência também foram considerados, a fim de complementar a análise e subsidiar as discussões. As posições de liderança escolhidas para análise envolvem responsabilidades, tomada de decisão e gratificações.
Os dados revelam a predominância masculina nas gestões da escola de negócios: das 274 gestões dos cargos analisados, 203 foram realizadas por homens e apenas 71 foram femininas. Em média, uma mesma docente mulher esteve em posições de liderança 3,23 vezes e um homem 3,5 vezes. Os profissionais da escola de negócios tendem a assumir cargos de liderança nos 5 primeiros anos após o início do vínculo institucional como docente. As docentes mulheres, em média, ingressam mais jovens nos quadros da universidade, porém levam mais tempo que os homens para assumir posições de liderança.
O movimento tradicional de maior participação masculina nos setores de negócios refletiu-se também na escola de negócios analisada, tendo em vista que a maior parte dos docentes é masculina e que a falta de representatividade feminina se estende também aos cargos de liderança e às posições de tomada de decisões. Assim, quanto maior o nível hierárquico, menor a participação de mulheres e menos representatividade elas têm, fazendo com que o ciclo da desigualdade de gênero se repita na ausência de ações que minimizem ou interrompam esse padrão.
DUARTE, Giovana; SPINELLI, Letícia. Estereótipos de Gênero, Divisão Sexual do Trabalho e Dupla Jornada. Iniciação Científica. UFSM, Revista Sociais e Humanas, [S. l.], v. 32, n. 2, 2019.
KLOSTER, Roberta. Mulheres na gestão universitária: proposta de política de promoção da igualdade de gênero na Universidade do Estado de Santa Catarina. 2022. Dissertação (Mestrado em Adm. Universitária) - UFSC, Florianópolis, 2022.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. SP: Pearson Prentice Hall, 2012.
THOMAS, Rachel et al. Women in the Workplace. McKinsey & Company, 2022.