Conselho de administração
Teoria da agência
Retenção de caixa
Área
Finanças
Tema
Governança Corporativa, Risco e Compliance
Autores
Nome
1 - João Marcelo Oliveira INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - https://lattes.cnpq.br/1020128564672950
2 - Lélis Pedro de Andrade INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Campus Formiga
3 - Arlete Aparecida de Abreu INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Formiga - MG
4 - Lília Paula Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
5 - Miguel Rivera Peres Junior INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Campus Formiga
Reumo
De acordo com a teoria da agência, o conselho de administração deverá ser capaz de minimizar os custos de agência associados a elevados níveis de retenção de caixa das empresas Jensen (1986). No entanto, em períodos considerados de crises na economia a retenção de maiores níveis de caixa contribui para a sobrevivência financeira delas, contrapondo a visão dos custos de agência (FAHLENBRACH ET AL. 2021). Também há evidências de que os efeitos das características do conselho de administração dependem do ambiente externo da empresa, em relação ao nível de incertezas (CAMBREA et al., 2021).
Diante da divergência apontada na literatura a respeito da relevância da retenção de caixa nas companhias, o presente trabalho objetiva verificar a influência das características do conselho de administração no nível de retenção de caixa das companhias brasileiras.
Kalcheva & Lins (2007) destacaram previsões teóricas de que a retenção de caixa nas corporações deve ser avaliada pelos acionistas, especificamente: i) se o nível de caixa previne o sub investimento em projetos com VPL positivos por gestores bem-intencionados, ou; ii) se o nível de caixa facilita o sobre investimento em projetos com VPL negativos por gestores entrincheirados. No mesmo sentido, também destacam aspectos positivos e negativos da retenção de caixa do ponto de vista de criação de valor aos acionistas o trabalho de Deb et al. (2017).
Foram aplicadas análises de regressões para dados em painel em uma amostra com 2.389 observações no período de 2010 a 2021. Com o intuito de testar empiricamente se as características do conselho de administração afetam o nível de retenção de caixa das companhias, foi adotado como principal referência o modelo empírico desenvolvido por Cambrea et al. (2021), em pesquisa realizada com uma amostra de empresas italianas no período de 2003 a 2013. Outros trabalhos que também fundamentaram o modelo empírico foram os de Ferreira & Vicente (2020) e Fahlenbrach et al. (2021).
Sem analisar as variáveis de interação das características do conselho de administração, verificou-se que a quantidade total de membros no conselho teve influência negativa no nível de retenção de caixa, sendo que as variáveis relacionadas ao percentual de membros externos não tiveram relação estatisticamente significante. Após considerar as variáveis de interação entre as características do conselho de administração, confirmou-se que o tamanho do conselho exerce influência negativa no nível de retenção de caixa, tanto para as empresas que possuem dualidade de poder ocupado pela mesma pessoa.
Verificou-se que o CEO influencia positivamente no nível de retenção de caixa, mas o maior tamanho do conselho de administração inverte esta relação, conforme teoria da agência. O período de incerteza econômica influencia em aumento do nível de retenção de caixa, mas não foi observado o efeito monitoramento pelo tamanho do conselho em período de crise. Por outro lado, a dualidade de poder nos cargos de CEO e de presidência do conselho exerceu influência negativa na retenção de caixa, o que contraria a teoria da agência e evidencia contingência do conselho conforme ambiente externo da companhia
CAMBREA, D. R. et al. The impact of boards of directors’ characteristics on cash holdings in uncertain times. Journal of Management and Governance, 2021.
FERREIRA, M. P.; VICENTE, E. F. R. Efeito da estrutura do conselho de administração na retenção de caixa das companhias abertas. Contextus – Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 18, 2020.
JENSEN, M. C. Agency Costs of Free Cash Flow , Corporate Finance , and Takeovers Agency Costs of Free Cash Flow , Corporate Finance , and Takeovers. American Economic Review, v. 76, n. 2, 1986.