1 - GEORGE ALBERTO DE FREITAS USP - Universidade de São Paulo - Esalq
2 - Beatriz Taveira Félix UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa)
3 - Emanuela Mota Silva UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - CESA
Reumo
Nas últimas décadas, crises e fraudes levantaram dúvidas sobre a eficácia dos conselhos de administração na proteção dos direitos dos acionistas e no desempenho das empresas. A crise financeira de 2007 evidenciou que problemas de gestão em instituições financeiras podem ter impactos negativos amplificados na economia. Este estudo explora como características do conselho de administração, como diversidade de gênero e separação de funções, influenciam o desempenho dos bancos em diferentes contextos macroeconômicos.
Sob a perspectiva do ambiente macroeconômico, quais características dos conselhos de administração influenciam o desempenho dos bancos?
Estabelecer a relação entre as características dos conselhos de administração e o desempenho dos bancos, considerando variáveis macroeconômicas.
A teoria da agência, que aborda o conflito entre proprietários e gestores, é fundamental neste estudo. O conselho de administração é visto como um mecanismo de monitoramento, com suas características potencialmente influenciando o desempenho. Estudos empíricos mostram resultados variados sobre essa relação. Hipóteses formuladas incluem que conselhos maiores, maior diversidade de gênero e independência dos conselheiros resultam em melhor desempenho bancário, considerando o contexto macroeconômico.
A base de dados utilizada inclui variáveis de bancos extraídas da Refinitiv Eikon®, abrangendo uma amostra de 657 observações de 132 bancos em 15 países. Os dados macroeconômicos foram obtidos do IMF Data. Foi utilizado um modelo multinível de regressão para dados em painel, com três níveis: tempo, bancos e países. Este modelo permite capturar interceptos e inclinações aleatórias, oferecendo robustez na análise das variações de desempenho. Alternativamente, foi estimado um modelo de dados em painel desbalanceado.
Os resultados indicam que bancos com conselhos de administração maiores apresentam melhor desempenho. A diversidade de gênero no conselho também mostrou ter um impacto positivo significativo. A separação de funções, especialmente a não participação do CEO no conselho, contribui para um melhor desempenho. No entanto, a análise revelou que a variabilidade nos dados macroeconômicos não teve impacto significativo no desempenho dos bancos.
A pesquisa alcançou seu objetivo ao identificar que características dos conselhos de administração como tamanho, diversidade de gênero e separação de funções, influenciam o desempenho dos bancos. Contudo, a relação entre o ambiente macroeconômico e o desempenho bancário não foi captada de forma significativa. A principal limitação foi a base de dados restrita, com pouca variabilidade entre os países. Apesar disso, os resultados contribuem para a literatura, destacando a importância da composição dos conselhos não apenas como mecanismo de controle, mas como fator determinante de performance.
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