Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações
Autores
Nome
1 - Mariana Patrícia de Lima UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - CAMPUS ACADÊMICO DO AGRESTE (CAA)
2 - Nádia Avelino de Carvalho UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Caruaru
3 - Denise Clementino de Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Gestão, Inovação e Consumo (PPGIC/UFPE).
Reumo
O mundo sofreu e ainda sofre os impactos causados pela pandemia de covid-19. No Agreste Pernambucano, região conhecida pela produção e comercialização de vestuário a preços acessíveis, destaca-se o protagonismo feminino. Com as medidas restritivas, notou-se mudanças nas relações de trabalho e família e forte abalo nos negócios e renda das mulheres.
Nesse panorama, buscou-se compreender as transformações que ocorreram na rotina e trabalho das mulheres que produzem e vendem confecções no Calçadão Miguel Arraes de Alencar na cidade de Santa Cruz do Capibaribe-PE durante e após o período de isolamento da pandemia do covid-19. Questiona-se como ficou a rotina das mulheres da confecção durante esse período de emergência sanitária, quais mudanças que houveram no ambiente doméstico e de trabalho produtivo.
Na região, o setor caracteriza-se pelo trabalho domiciliar e informal, predominantemente realizado por mulheres, permitindo conciliar atividades remuneradas e domésticas. A rotina exaustiva de trabalho envolve jornadas de até 12 horas diárias e, em períodos de alta demanda, aos finais de semana. Apesar das condições precárias e da falta de direitos trabalhistas, o trabalho em casa é realizado por muitas mulheres, pois o arranjo informal facilita a conciliação de papéis, embora dificulte a fiscalização e proteção contra possíveis abusos e contribua para manutenção da divisão sexual do trabalho.
A pesquisa adotou abordagem qualitativa de natureza exploratória e descritiva, buscando identificar e caracterizar fenômenos a partir da interpretação e comparação dos dados. Foram entrevistadas 15 mulheres proprietárias de negócios no Calçadão Miguel Arraes de Alencar, centro de compras localizado na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste do estado de Pernambuco. Maioria na faixa dos 30 anos, pardas ou bancas, solteiras e com filhos(as). Os achados foram tratados a partir da técnica de análise de narrativa, seguindo as etapas de explicação, explanação e exploração.
A questão emocional foi notada no que tange a sensação de incerteza, insatisfação, medo sobre o futuro, estresse e perda de familiares. Sentiram falta da rotina do trabalho produtivo. Embora boa parte relatou a dificuldade de manter seus negócios. O novo cenário exigiu das mulheres adaptação e inovação no trabalho, ampliando os olhares para novas formas de vendas a partir das redes sociais. Em contraste, tem-se o aumento dos custos das matérias-primas pós-pandemia que gerou aumento do produto final e diminuição das vendas.
Foram diversas mudanças e impactos que a pandemia causou na vida das mulheres que trabalham com confecção envolvendo aspectos financeiro, social e psicológico. Como sentimento de medo da contaminação, ansiedade e incertezas quanto ao futuro; rotinas intensas de trabalho com acúmulo de papéis, incluindo ampliação do trabalho doméstico; perda de clientes e diminuição ou perda da renda, gerando situação de vulnerabilidade financeira; entrada ou intensificação de comercialização por redes sociais.
BEZERRA, E.; CORTELETTI, R.; ARAÚJO, I. M. Relações de trabalho e desigualdades de gênero na indústria têxtil e de confecções do Nordeste. Caderno CRH, v. 33, 2021.
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