Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais
Autores
Nome
1 - Tiago de Sousa Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA)
Reumo
A sociedade atual está imersa em uma nova concepção política, ideológica e tecnológica, impulsionada pela revolução racionalista, democracia, capitalismo e ciência. Esse cenário trouxe profundas mudanças e colocou a ciência como forma legítima de construção do conhecimento. A Administração, modernizada pela Revolução Industrial, evoluiu de métodos empíricos para sistematização científica, enfrentando debates epistemológicos sobre sua validade como ciência. Portanto, este ensaio teórico discute a cientificidade da Administração, explorando perspectivas de Kuhn e Lakatos.
Este ensaio teórico busca responder à pergunta: "Como pode ser explorada a cientificidade da Administração?". O estudo busca discutir os argumentos sobre a presença ou ausência de cientificidade na Administração, investigando como a área pode ser explorada cientificamente. O objetivo é analisar, através dos paradigmas de Kuhn e os programas de pesquisa de Lakatos, se a Administração pode ser considerada uma ciência. A pesquisa questiona se a Administração possui critérios de demarcação científica suficientes e como os diferentes paradigmas contribuem para sua legitimidade científica.
Thomas Kuhn (2013) propôs que o conhecimento científico se desenvolve através de paradigmas que definem as regras e métodos de uma comunidade científica. Esses paradigmas sofrem revoluções científicas que substituem os antigos por novos. Imre Lakatos (1979), por outro lado, introduziu a ideia de programas de pesquisa, onde teorias são estruturadas em um núcleo irredutível, protegido por hipóteses auxiliares. Ambos os conceitos são utilizados para analisar a evolução e a cientificidade da Administração, considerando suas múltiplas correntes teóricas e metodológicas.
A Administração enfrenta desafios para ser reconhecida como ciência devido à sua fragmentação teórica e metodológica. A falta de um paradigma dominante e a coexistência de múltiplas correntes de pensamento geram debates sobre sua cientificidade. A diversidade de abordagens, embora enriquecedora, pode dificultar a criação de um conhecimento unificado e aplicado na prática administrativa. A integração de diferentes perspectivas teóricas pode ser crucial para superar essas limitações e promover uma compreensão mais abrangente das organizações.
A Administração, como área de conhecimento, apresenta uma diversidade de abordagens teóricas que refletem sua complexidade. Embora enfrente desafios para ser reconhecida como ciência madura, essa pluralidade pode ser uma força. A integração de diferentes perspectivas teóricas pode enriquecer a compreensão das práticas administrativas. Focar nos estudos das práticas em Administração, considerando as particularidades contextuais, pode ser mais produtivo do que buscar modelos universais. A riqueza da Administração reside em sua capacidade adaptativa e resposta às nuances organizacionais.
Andion, C. (2023). Reflexões Epistemológicas e Sobre o Fazer Científico na Administração Contemporânea. Revista De Administração Contemporânea, 27(2), e230017.
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Kuhn, T. S. (2013). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva.
Lakatos, I. (1979). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix.