Resumo

Título do Artigo

REFLEXÕES SOBRE AS INFLUÊNCIAS DA ABORDAGEM EPISTÊMICA DE BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ADMINISTRAÇÃO
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Palavras Chave

Ecologia de saberes;
Práticas agônicas;
Conhecimento em Administração

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Rodrigo Oliveira Ribeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - PROPAD/CCSA
3 - Clarissa Cabral Leite
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD)
4 - Claudia de Sá Lemos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO-PROPAD

Reumo

Reconhecido por sua crítica ao paradigma dominante representado pelo positivismo centrado em práticas científicas reducionistas e sua abordagem crítica e pluralista, Santos (1985) desafia as concepções convencionais de conhecimento e propõe uma visão mais participativa, socialmente engajada e pautada no reconhecimento e na coexistência de múltiplos saberes. A tentativa de relacionar esses princípios epistemológicos no âmbito da administração pode possibilitar seu enriquecimento teórico e na maneira como as organizações são concebidas, lideradas e gerenciadas em cenários de constantes mudanças.
Considerando o percurso epistemológico de Boaventura na defesa pela pluralidade e diversidade de perspectivas na construção do campo de conhecimento da administração, verso este ensaio com base na seguinte questão: como a visão epistêmica de Boaventura pode contribuir para o fazer científico na administração direcionado às práticas agônicas e pautado no conhecimento sociocognitivo? Em resposta, este ensaio busca discutir a relação entre o conhecimento em Administração e as contribuições epistêmico-teóricas de Santos(1985),apresentadas em sua obra "Um discurso sobre as ciências".
A concepção positivista no campo da administração foi marcada pelo Taylorismo, Fordismo e Toyotismo, que se contrapõe-se ao modelo pós-modernista. Nesse contexto, Santos (1985) versa pelo senso comum e coexistência de saberes, elementos que convergem ao discurso agonista de Mouffe (1999) de que saberes distintos não se anulam, mas se complementam. Logo, superar as fronteiras positivistas no campo da administração requer alternativas que priorizem a coexistência e interação de saberes baseados em práticas sociais não-hegemônicas e emancipatórias.
Esse ensaio visa transcender o espectro positivista demarcado pelos modelos gerencialistas do campo da Administração com vistas à perspectiva da ecologia epistêmica de Boaventura referente à coexistência de conhecimentos diversos com propósitos complementares e não excludentes que convergem com os aportes teóricos do debate pluralista da participação social de caráter agonista (Mouffe, 1999) e no discurso epistêmico de Boaventura no que tange à ecologia dos saberes (Santos et. al., 2006) e a sociologia das ausências e emergências, anunciada em sua obra (1985) "Um discurso sobre as Ciências".
Assente ao pensamento agônico desenvolvido por Boaventura, sua episteme reconhece que diferentes formas de conhecimento podem coexistir e interagir de maneira complementar e não excludente como prega o positivismo, logo, deve-se ressaltar, sendo ciência social aplicada, o conhecimento em incorpora experiências teóricos-cognitivas de diversas áreas do saber (Gil et. al., 2014). Este ensaio não exaure o debate acerca dos temas aqui levantados, logo, é necessário discussões com outros autores e novas problematizações para que se discutam novas proposições de conhecimentos plurais e dialógicos.
Gil, A. C., Souza, D. A., Novaes, M. B. C., Sila, E. C., & Maia, A. C. (2014). Exigência do consentimento informado na pesquisa em administração. Gestão contemporânea, 4(2). Mouffe, C. (1999). Deliberative democracy or agonistic pluralism?. Social research, 745-758. Santos, B. S. (1985). Um Discurso Sobre as Ciências. Sao Paulo: Editora Cortes. Santos, BDS, Meneses, MPG, & Nunes, JA (2006). Conhecimento e transformação social: por uma ecologia de saberes. Hiléia: revista de direito ambiental da Amazônia , 4 (6), 9-103.