Resumo

Título do Artigo

ARTESANATO E (DE)COLONIALIDADE: Vida e obra dos(as) artesãos(ãs) nordestinos(as) na FENEARTE
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Artesanato nordestino
(De)colonialidade
FENEARTE

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - Ingrid Nascimento da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro Acadêmico do Agreste

Reumo

O período de colonização contribuiu para um pensamento pejorativo sobre todo e qualquer trabalho que advinha da produção manual. Entende-se que muito da insignificância retida no artesanato, advém da noção de modernidade que se estendeu ao longo de todo o mundo. Essa expansão de raciocínio advém do pensamento colonial que busca inferiorizar conhecimentos, saberes e práticas de povos opostos à cultura eurocêntrica, cabe também destacar a presença do etnocentrismo (Quijano, 2005).
O artesanato nordestino vem sofrendo adaptações e inovações incorporando produções com práticas “modernas” e capitalista. O pensamento decolonial surge para criticar e resistir às práticas da colonialidade/modernidade (Maldonado-Torres, 2005). Por isso, essa pesquisa teve como objetivo conhecer a trajetória e a atual situação de vida e de trabalho dos(as) artesãos(ãs) nordestino, participantes da Feira Nacional de Negócios de Artesanato, a partir de um olhar (de)colonial, a fim de analisar as relações entre o artesanato nordestino e colonialidade.
Como fonte da colonialidade/modernidade, o etnocentrismo pregou nas tradições culturais dos indígenas e dos negros como inferiores, sendo apenas a cultura europeia superior, buscava-se a dominação e exploração dos coloniazados (Quijano, 2005). Hoje o artesanato nordestino permanece relacionado às classes mais baixas. Muitos(a) artesãos(ãs) nordestinos(as), com dificuldades econômicas, acabam aderindo a tendências mercadológicas e capitalistas (Ramos, 2013). Por isso, a decolonialidade surge como forma de resistência às práticas coloniais/modernas (Maldonado-Torres, 2005).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, a qual toma-se como sujeito os(as) artesãos(ãs) nordestinos(as) participantes da Fenearte edição de 2024. A estratégia de coleta de dados se deu por meio da entrevista semiestruturada, com roteiro e observações não sistemáticas. As entrevistas foram gravadas e transcritas. O material coletado passou pela análise de conteúdo (Bardin, 2011).
Alguns artesãos resistem fortemente às imposições capitalistas, os quais tangenciam nos ideais da decolonialidade. Contudo, outros artesãos(ãs) aderem a tais imposições, já que muitos(as) têm no artesanato a principal fonte de renda e subsistência. Não há expectativas para continuação das atividades por filhos, já que eles veem a atividade como arcaicas e não modernas, e o governo não atua para mudança dessa realidade. Muitos(as) artesãos(ãs) ainda se encontram naquela mesma luta em continuar suas atividades por iniciativas próprias.
A prática colonial continua expressivamente exposta na sociedade, no artesanato nordestino essa realidade não é diferente. Sendo a fonte de renda e subsistência de vários(as) artesãos(ãs), o ideal de colonialidade/modernidade acaba corrompendo-os(as), já que são permeados pela noção de capital, impactando na perda de toda a essência das manifestações de tradições e de identidades que são trazidas pelas obras artesanais. E sem um aparato governamental, provoca um desestímulo para as próximas gerações.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. SP: Edições 70, 2011. MALDONADO-TORRES, N elson. Decolonization and the new identitarian logics after September 11. Radical Philosophy Review, v. 8, n. 1, p. 35-67. 2005. QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. A Colonialidade do Saber: etnocentrismo e ciências sociais. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: Clacso, p. 107-126, 2005. RAMOS, S. P. Políticas e processos produtivos do artesanato brasileiro como atrativo de um turismo cultural. Rosa dos Ventos-Turismo e Hospitalidade, vol. 5, n. 1, 2013.