1 - Ana Letícia Magalhães de Oliveira Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - USP - ESALQ
2 - Luiz Henrique da Silva UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária
3 - Ana Paula Pereira dos Passos UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ (UNIVALI) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA)
Reumo
A transição para a vida adulta exige que os jovens desenvolvam habilidades para gerenciar sua carreira de forma autônoma. A Geração Z, que entrou no mercado de trabalho em 2017, enfrenta um cenário de empregos intermitentes e rápidas mudanças. Eles buscam equilíbrio entre vida pessoal e profissional, estabilidade e oportunidades de crescimento, usando suas habilidades digitais para alinhar suas altas expectativas com as demandas do mercado.
As condições socioeconômicas dos jovens impactam significativamente suas escolhas e perspectivas de carreira. No Brasil, jovens das periferias enfrentam exclusão em uma sociedade desigual, o que frequentemente os obriga a iniciar o trabalho cedo e limita sua preparação para o mercado, perpetuando um ciclo de exclusão. Este estudo, portanto, tem como objetivo compreender as perspectivas de carreira dos jovens da Geração Z oriundos de áreas periféricas no mercado de trabalho do Rio de Janeiro.
A escolha de carreira dos jovens é moldada por fatores diversos e pode ser influenciada pelos desejos dos pais e pelo contexto cultural (Bordão-Alves & Melo-Silva, 2008). A escuta das aspirações dos jovens promove decisões profissionais mais alinhadas aos seus interesses (Soares et al., 2023). Jovens da periferia enfrentam limitações devido a desigualdades, distância e estigmatização, o que agrava a precarização do trabalho e evidencia a necessidade de intervenções estruturais (Soares et al., 2021).
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 16 jovens da Geração Z residentes na periferia do Rio de Janeiro. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. A análise dos dados seguiu a abordagem de conteúdo. Esta análise revelou padrões e tendências nas perspectivas e desafios enfrentados pelos jovens no mercado de trabalho.
Os entrevistados relataram que a escolha profissional foi frequentemente motivada pela necessidade, não por interesse pessoal, devido às oportunidades limitadas. A maioria enfrentou o estigma associado à periferia e a discriminação racial. Apesar das dificuldades e limitações financeiras, os jovens mantêm uma perspectiva otimista, aspirando a melhores oportunidades e estabilidade, destacando o papel de ONGs e programas como o Jovem Aprendiz em suas trajetórias profissionais.
Os jovens periféricos da Geração Z no Rio de Janeiro enfrentam desafios como discriminação e limitação nas escolhas profissionais, devido à necessidade urgente de emprego e ao mercado informal. Apesar das habilidades desenvolvidas, elas não são reconhecidas devido ao preconceito, sendo necessário um compromisso coletivo para criar um mercado de trabalho mais inclusivo e desenvolver políticas que promovam igualdade de oportunidades e melhorem a qualificação desses jovens.
Bordão-Alves, D. P., & Melo-Silva, L. L. (2008). Maturidade ou imaturidade na escolha da carreira: uma abordagem psicodinâmica. Avaliação Psicológica, 7(1), 23-34.
Soares, A. A. et al. (2021). Segregação e desigualdade: percepção de jovens periféricos sobre a realidade em que estão inseridos. Pretextos: Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, 6(11), 1-20.
Soares, N. M., Rockenbach, L., da Silva, O. A. F., & de Oliveira, K. D. S. (2023). A orientação profissional e a escolha de carreira de jovens. Revista INTER EDUCA, 5(3), 154-168.