Produtivismo Acadêmico
Ensino e Pesquisa
Formação do Professor
Área
Ensino e Pesquisa em Administração
Tema
Formação do Professor e Pesquisador
Autores
Nome
1 - Geraldo Magela Jardim Barra UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Departamento de Administração e Ciências Contábeis (DECAC)
2 - Edson Antunes Quaresma Júnior INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Ibirité \ Filiado também ao PROFEPT do IFNMG
Reumo
Ao estudar o desenvolvimento do produtivismo acadêmico, Barra e Quaresma Junior (2022) constataram a maturação do produtivismo acadêmico em administração no Brasil. Eles constaram que há uma forte tensão entre o espaço ocupado por produções externas e nacionais, que se desdobram desde os processos avaliativos dos sistemas educacionais até o processo de transplantação de modelos gerenciais estadunidenses nos trabalhos de consultoria dos administradores, perpassando pela busca por “internacionalizar” as publicações acadêmicas brasileiras neste campo do conhecimento.
Ao se analisar as pesquisas em administração no Brasil constata-se uma pressão no sentido de aumento da produção de artigos, contexto do fenômeno aqui discutido e tem como principal resultado o efeito nefasto de reduzir a qualidade dos trabalhos desenvolvidos neste campo do conhecimento, bem como, à criação das chamadas “revistas predatórias”, que têm metas financeiras para acolher a produção de artigos. Este ensaio teórico propõe analisar o fenômeno do produtivismo acadêmico no campo de pesquisa em administração, enfocando a sua gênese e o processo de maturação.
O produtivismo vem sendo discutido sob diferentes perspectivas, como: resistência ao produtivismo acadêmico (ALCADIPANI, 2011); avaliação da Capes (SHIGAKI; PATRUS, 2013); ótica de avaliadores de artigos (SHIGAKI; PATRUS, 2016), produtivismo acadêmico multinível (SILVA, 2019); influência estadunidense e do produtivismo acadêmico nos programas de pós-graduação (BERTERO, 2006); produtivismo acadêmico, provincianismo e estrangeirismo acadêmico (BERTERO et al, 2013).
Foram propostas contribuições relevantes para o estudo da temática a partir da discussão apresentada. Acredita-se que estudos futuros seguindo a perspectiva aqui apresentada construa-se um campo de pesquisa sobre o tema, o que seria de grande valia no campo de estudos sobre o produtivismo acadêmico no curso de administração. Um caminho possível, seria pensar nos efeitos das mudanças sobre o perfil intelectual do acadêmico que emerge da disputa produtivista.
O produtivismo acadêmico tem tido um efeito nefasto sobre a qualidade do ensino e da pesquisa. De fato, a pressão por quantificação da produção científica gera resultados inadequados como artigos de baixa qualidade, pesquisas de curto prazo, pesquisas sem o devido impacto social, baixa relevância, redução do rigor científico, entre outros. Esta pressão coloca em risco a existência do campo enquanto lócus de produção de conhecimento acadêmico.
No Brasil, merece destaque os estudos sobre o produtivismo acadêmico: Management no Brasil (ALCADIPANI, BERTERO, 2018); Criação da UFRGS (BARROS, ALCADIPANI, BERTERO, 2018); O Caso da FGV-EAESP (ALCADIPANI BERTERO, 2012); Antecedentes dos Cursos de Administração (BARROS, 2017); Cursos da FACE/UFMG (BARROS, 2014); Americanização na Educação em Administração no Brasil (VALLE, et al. 2013); Escola de Administração da UFBA (BERTERO, BARROS, ALCADIPANI, 2019); Pós-Graduação em Administração (BARROS, CARNEIRO, 2018).