Resumo

Título do Artigo

“Pau na mesa!”: masculinidade hegemônica e a figura competente no contexto do trabalho
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Palavras Chave

Competências
Masculinidade
Diversidade

Área

Gestão de Pessoas

Tema

As faces da Diversidade

Autores

Nome
1 - Ronan Romao de Freitas Vieira
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - PPGA - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Simone Costa Nunes
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-graduação em Administração

Reumo

Defendemos que é necessário questionar, sob uma ótica generificada, tudo o que surge em espaços historicamente delimitados e hierarquizados pela construção social em torno do gênero. No bojo dessa discussão, pretendemos inserir o debate sobre competências que reside no mundo do trabalho (mundo, este, notadamente marcado por uma lógica de desigualdade de gênero que se sustenta desde a sua origem).
Partindo do pressuposto de que as instituições, em geral, são ambientes onde a masculinidade hegemônica, historicamente, impõe sua dominação, colocamos a seguinte questão em debate: considerando o trabalho realizado junto às competências no contexto organizacional e a predominância do homem hegemônico neste mesmo lugar, qual imagem se estabelece sobre o significado de “pessoa competente”? Resta-nos claro que é urgente pensar criticamente o trabalho que se realiza junto as competências num atravessamento com a discussão sobre masculinidade hegemônica, sendo esse nosso principal objetivo aqui.
A plurivalência do conceito de competência, como denuncia a literatura, não pode se perder de vista sob o risco de se tornar qualquer coisa que a pretenda ser. Diversos autores revelam essa questão sinalizando a diversidade de entendimentos sobre o tópico (Almeida et al., 2021; Beduschi et al., 2023; Brandão, 2007; Derwik & Hellström, 2017; Fleury & Fleury, 2001; Le Boterf, 2006; McLagan, 1997; Ropé & Tangay, 1997; Stroobants, 2006; Nicola & Vosgerau, 2019).
Com o objetivo de compor um corpus de análise que seria trabalhado em concordância com as premissas da análise do discurso crítica (Batista, Sato, & Melo, 2018; Fairclough, 2012, 2013; Van Dijk, 2010, 2013), pensamos na pertinência de entrevistar em profundidade, por meio de um roteiro de entrevistas semiestruturado, profissionais de recursos humanos com incontestável experiência prática junto a noção de competências no contexto organizacional.
A noção de competências resulta em discursos e práticas no contexto das organizações que guardam mais relação com a masculinidade hegemônica do que com seu entendimento enquanto CHA ou o que mais queira a literatura dizer sobre. O discurso das competências, ao exemplificar o que seria pessoa competente, se encerra no homem hegemônico e no exercício desse tipo de masculinidade (a hegemônica) nos negócios. A discussão sobre competências nas organizações, na prática, acaba caindo num lugar raso que nos remete julgamentos elementares sobre como deve ser o homem hegemônico.
A naturalização de sua presença (a do homem hegemônico) nestes espaços (espaços de trabalho) confere o modelo mental sobre como as organizações devem, saudavelmente, funcionar. Essa naturalização decorre, sobretudo, da proteção mútua que um membro da masculinidade hegemônica confere a outro, naturalizando uma fotografia de rostos iguais quando se pensa no signo por trás da noção de competências.
Connell, R. W. (2005) Masculinities. 2nd edition. Berkeley: University of California Press. Connell, R., & Pearse, R. (2015). Gênero: uma Perspectiva Global. Brasil: nVersos. Fairclough, N. (2012). Análise Crítica do Discurso como método em pesquisa social científica. Linha D’Água, 25(2), 307-329. Fairclough, N. (2013). Language and power. Fleury, M., & Fleury, A. (2001). Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Contemporânea, 5, 183-196 Van Dijk, T. (2010). Discurso e Poder. São Paulo: Contexto. Versão ebook Kindle.