Resumo

A análise do processo de aprendizagem e tomada de decisão em pequenas empresas em municípios menores é um relevante meio para sua manutenção no mercado. Fatores culturais da região podem criar barreiras ao desenvolvimento organizacional, bem como a centralização exacerbada e a falta de treinamento dos funcionários. É necessário explorar como a aprendizagem organizacional e as competências gerenciais podem servir como ferramentas para mitigar tais problemas e para fortalecer a tomada de decisão nas pequenas empresas de Mamanguape-PB, região importante para o comércio local e regional.

Este estudo tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento de competências a partir da aprendizagem organizacional para a eficiente gestão e tomada de decisão em pequenas empresas do município de Mamanguape – Pb. Escolhemos esse município para pesquisa por ser representativo das empresas do Vale do Mamanguape, que é uma região do Estado da Paraíba responsável por volume de comércio considerável. Pequenas empresas podem fazer uso do presente estudo de caso múltiplo para avaliar suas ações através do benchmarking, bem como para subsidiar ações para modificar e/ou aperfeiçoar sua gestão.

A aprendizagem é um fator essencial para o gestor, uma vez que seus pensamentos exercem influência nas decisões da empresa (Maia & Lima, 2016). Por isso, os gestores buscam compreender o quanto impactam no processo decisório, reconhecendo a necessidade de desenvolver ou aprimorar competências gerenciais. Isso permite entender a importância da aprendizagem no nível individual e, sobretudo, no organizacional, pois, segundo os autores supracitados, o processo de decisão perpassa pelas convicções do administrador, sobretudo em pequenas empresas, e com ele subsidia o conhecimento aos funcionários.

Através de um estudo qualitativo, optou-se por realizar a pesquisa com múltiplos casos porque foram selecionadas empresas representativas dos pequenos negócios do município pesquisado, as quais possuem grande participação no mercado. A análise temática de discurso de 9 empresas foi escolhida por permitir identificar padrões e tensões que permeiam as interações linguísticas e discursivas no contexto organizacional. Foram criadas categorias de análise a partir dos fundamentos teóricos utilizados para esta pesquisa. A análise dos resultados se deu a partir destas categorias.

Ainda que os gestores destaquem as competências organizacionais, percebe-se que os funcionários não buscam aprimorar os conhecimentos, rejeitando, em sua maioria, a aprendizagem formal oferecida pela empresa. As práticas de gestão no fomento das competências individuais são mais intensivas, visto que os funcionários necessitam que o gestor insista ou os gratifique para participarem dos treinamentos, evidenciando a necessidade de competências para autonomia e motivação na aprendizagem organizacional. Assim, não podem participar e aprender com o processo de decisão da empresa.

Nota-se que a maioria dos gestores ainda persiste na centralização das decisões, apesar de que algumas empresas adotam práticas participativas orientadas pelos funcionários. Esse perfil de centralização é frequentemente reforçado pela baixa adesão dos funcionários às oportunidades de aprendizagem oferecidas pela empresa, levando os gestores a hesitar em delegar decisões. A aversão à aprendizagem é gerada pela desmotivação dos funcionários em se capacitarem. Além disso, o comodismo e a falta de instituições de formação profissional são as principais barreiras enfrentadas pelas empresas.

Avelar, A. C., Stefani, S. R., Lenzi, F. C., & Teixeira, J. E. (2022). Aprendizagem Organizacional e Competências Gerenciais nas Unidades Franqueadas do Setor de Calçados. Revista da Micro e Pequena Empresa, 16(2), 72-90. Fernandes, A. M., Lazzarotto, D.; Ventura Da Motta, M. E.; Camargo, M. E., & Cunha Malafaia, G. (2017). Aprendizagem e competências organizacionais sob a perspectiva do Balanced Scorecard. Revista Visão: Gestão Organizacional, 6(2), 137-154. Oliveira, V. S, Machado, M. C. R., & John, E. (2017) Sistema de gestão por competência em pequena empresa. Navus - Revista de Gestão e T