Valores pessoais
Justiça organizacional
Comportamento contraproducente no trabalho
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Valores, Sentidos e Vínculos no/do Trabalho
Autores
Nome
1 - Thaís Pinto da Rocha Torres Centro Universitário Unihorizontes - MG - Barro Preto
2 - Kely César Martins de Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - CEPEAD
Reumo
Os valores pessoais estão diretamente ligados às atitudes das pessoas e são vistos como princípios norteadores que explicam as diferenças entre indivíduos (Ros, 2006). Nesse sentido, segundo Assmar, Ferreira e Souto (2005), desde os anos 60, pesquisas no campo da psicologia empregaram esforços para elucidarem o papel que os valores e as convicções sobre o que é percebido como justo ou injusto têm sobre as ações humanas. Do mesmo modo que percepções de justiça podem ser influenciadas pelos valores, elas também podem causar consequências, a exemplo do comportamento contraproducente no trabalho.
O objetivo geral da pesquisa foi analisar como se relacionam os valores pessoais, as percepções de justiça organizacional e o comportamento contraproducente de jovens trabalhadores. Ressalta-se a necessidade de analisar os jovens trabalhadores brasileiros, considerando que os estudos sobre esse público específico vêm aumentando há menos de uma década (Paiva, 2013; Costa & Paiva, 2021), indicando, portanto, a importância de mais pesquisas frente à consolidação desta agenda de pesquisa e, principalmente, à compreensão de aspectos pertinentes a este significativo grupo de trabalhadores.
Schwartz (1999) - Teoria de Valores de Schwartz
Rego (2000), Rego et al. (2002), Gomide Jr. e Siqueira (2008) - modelo tridimensional de justiça (distributiva, procedimental e interacional)
Bennett e Robinson e Nascimento et al. (2015) - comportamento contraproducente organizacional e interpessoal.
Foi conduzida uma pesquisa de natureza descritiva-explicativa e abordagem quantitativa. Essa pesquisa de campo foi desenvolvida nos moldes de estudo de caso, sendo o caso caracterizado por jovens trabalhadores assistidos por uma associação de ensino profissionalizante, que segue os preceitos definidos pela Lei da Aprendizagem. A coleta dos dados deu-se por meio de questionário, tendo sido validada a amostra de 3.232 respondentes espalhados pelas cinco regiões do Brasil. Para análise, foi empregada estatística multivariada, análise fatorial exploratória e modelagem de equações estruturais.
Os resultados confirmam o impacto dos valores pessoais nas percepções de justiça organizacional dos amostrados. Ademais, quanto maior é a percepção de justiça interacional, menor é a tendência de os jovens pesquisados apresentarem comportamentos contraproducentes, o que permite a inferência de que frágeis percepções de justiça podem conduzi-los a condutas negativas no trabalho.
Conclui-se que o objetivo proposto foi plenamente alcançado por meio da modelagem de equações estruturais, de modo que 15 relações foram validadas no modelo final ajustado e 12 delas relacionam valores pessoais à justiça organizacional e ao comportamento contraproducente. A influência da justiça interacional na redução dos comportamentos contraproducentes pode ser compreendida pela importância que os jovens trabalhadores atribuem às relações sociais no ambiente organizacional. Esse fator é preponderante quando comparado à justiça relacionada aos recursos e aos meios para distribuição destes.
Assmar, E. M. L., Ferreira, M. C., & Souto, S. O. (2005). Justiça organizacional: Uma revisão crítica da literatura. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(3), 443-453.
Bennett, R. J., & Robinson, S. L. (2000). Development of a measure of workplace deviance. Journal of Applied Psychology, 85(3), 349-360.
Paiva, K. C. M. (2013). Valores organizacionais e do trabalho: um estudo com jovens trabalhadores brasileiros. Tourism & Management Studies, 9(2), 100-106.
Schwartz, S. H. (1999). A theory of cultural values and some implications for work. Applied Psychology: An international review, 48, 23-47.