1 - Patrícia Aparecida Ferreira UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
2 - Daniel Carvalho de Rezende UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
3 - Denis Renato de Oliveira UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração Pública
4 - Lília Paula Andrade UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
Reumo
Os desastres tecnológicos representam riscos e afetam diversas áreas e setores sociais. Considerando isso, entende-se que a intersetorialidade é um elemento crucial para abordar os impactos de desastres tecnológicos. Reconhecida como uma estratégia essencial na resolução de problemas sociais contemporâneos, dada a complexidade dos fenômenos sociais. Essa abordagem propõe resolver problemas sociais através da cooperação entre setores da sociedade e políticas públicas, visando impactar os determinantes sociais (AKERMAN et al., 2014)
Acredita-se que uma visão intersetorial seja essencial para a gestão de desastres. Posto isso, o objetivo deste artigo é desenvolver um ensaio teórico, de modo a demonstrar como a abordagem intersetorial pode ampliar a compreensão dos impactos nos territórios atingidos por desastres tecnológicos. Para isso foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados SciELO, Scopus e Web of Science. Com o intuito de auxiliar os pesquisadores no uso dessa abordagem foi elaborado também um framework de análise que poderá ser utilizado em futuros artigos empíricos.
Um dos estudos pioneiros sobre desastres foi realizado em 1920 com investigação da explosão de um navio francês em Halifax, no Canadá (DONNER; DIAZ, 2018). Com o aumento da ocorrência de desastres, cresceu o interesse dos pesquisadores por estudos sobre o tema (RODRIGUES et al., 2015). O conceito de intersetorialidade aplicado ao campo de gestão de desastres enfatiza a abordagem interdisciplinar, integrando contribuições de diferentes setores para soluções eficazes na reparação, mitigação de riscos e promoção de resiliência.
A metodologia consistiu em uma revisão sistemática de literatura qualitativa nas bases SciELO, Scopus e Web of Science. Utilizou-se as seguintes palavras-chave: "technological disaster*" e "desastre tecnológico". Foram avaliados 323 artigos sobre a temática. Questões investigaram se os artigos reconheciam a intersetorialidade e a multidimensionalidade dos impactos. A análise utilizou a técnica de conteúdo temática de grade aberta. Foi desenvolvido a partir de então um framework intersetorial para análise de situações de desastres tecnológicos.
A abordagem intersetorial pode enriquecer a compreensão e práticas de gestão de desastres tecnológicos ao facilitar melhorar a eficácia na gestão de riscos e de vulnerabilidades. Apesar da falta de reconhecimento explícito na literatura, estudos indiretos sugerem que a interconexão entre setores pode mitigar impactos cumulativos. Recomenda-se investigar metodologias quantitativas e ampliar pesquisas sobre desastres naturais e tecnológicos sob a ótica intersetorial.
AKERMAN, M. et al. Intersetoriality? Intersetorialities! Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, p. 4291-4300, 2014.
DONNER, W.; RODRÍGUEZ, H. Population composition, migration and inequality: The influence of demographic changes on disaster risk and vulnerability. Social Forces, v. 87, n. 2, p. 1089-1114, 2008.
RODRIGUES, A. C.; GUNTHER, W. M.; VASCONCELOS, M. P.; DI GIULIO, G. M.; BOSCOV, M. E. G. Delineamento da produção científica sobre desastres no Brasil no início deste século. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 34, 2015.