Resumo

Título do Artigo

ENSINO REMOTO VIVENCIADO NA PANDEMIA DA COVID-19: UM OLHAR SOBRE AS ATITUDES AFETIVAS DE DOCENTES DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL
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Palavras Chave

Atitudes
Ensino Remoto
Questões Afetivas

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Experiências no ensino-aprendizagem

Autores

Nome
1 - Dayane da Silva Rodrigues de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - Natal
2 - Anatália Saraiva Martins Ramos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - Programa de Pós-graduação em Administração

Reumo

Com a pandemia da COVID-19, houve a suspensão de atividades acadêmicas no formato presencial, e a comunidade de uma universidade federal (UF) resolveu, após três meses, instituir a oferta de componentes curriculares no formato remoto, Período Letivo Suplementar Excepcional (PLSE), inicialmente como uma experiência pioneira. Essa medida previa aconteceu de junho a julho de 2020. Os docentes foram instados a mudar suas práticas de ensino, conhecer novas ferramentas, buscar novas formas de relacionamento com os alunos, a fim de vivenciarem uma experiência diversa daquela que estavam acostumados.
As atitudes afetivas fornecem subsídios para a compreensão das reações e comportamentos, os quais podem revelar nuances e perspectivas subjetivas que desencadeiam o comportamento dos sujeitos. Para este contexto particular, entende-se que, além das questões técnicas e conceituais dos docentes, torna-se relevante compreender as questões que envolvem as suas atitudes frente a uma situação emergencial de ensino. Este trabalho buscou identificar e analisar as atitudes afetivas dos docentes universitários em relação à adesão ao PLSE e a integração das tecnologias ao processo de ensino-aprendizagem.
Utilizou-se a Teoria do Comportamento Planejado (Ajzen, 2005), ideias do Modelo Tripartido Revisto de Atitude (Zanna & Rempel, 1988), Albarracin e Shavitt (2018), Ruffel et al. (1998), para definir atitude e seu constructo multidimensional, formado por três componentes: afetivo (envolve as emoções); cognitivo (baseado no raciocínio); e o conativo (tendência para um determinado comportamento). Conforme Ajzen (2005), essas evidências podem ser identificadas através das crenças pessoais sobre determinado objeto/situação e poderão gerar fatores que, conjuntamente, construirão uma intenção de agir.
Epistemologicamente, trata-se de um estudo construtivista, pois emprega um processo consciente que se volta a um objeto, e a partir da interação entre ele e o sujeito constrói significados. Portanto, com um paradigma interpretativista, de abordagem abdutiva, foram realizadas e analisadas 12 entrevistas semiestruturadas, com professores de uma Universidade Federal. Para análise e interpretação dos dados utilizou-se a codificação em ciclos de Saldanha (2016) e a análise de conteúdo de Bardin (2010), com apoio do software de análise de dados qualitativos Atlas. TI.
As emoções negativas e positivas foram evidenciadas nas vozes dos docentes. Os sentimentos, construídos a partir das várias emoções, mostraram-se mais positivos e presentes pelo menos em uma citação de cada docente. O misto de emoções e sentimentos também estavam associados à situação de mudança, o sofrimento, o isolamento social, à preocupação com a saúde, a mistura de rotinas, dentre outros. Verificou-se que o impulso para as atitudes afetivas positivas dos docentes estão fortemente atrelados ao seu público, aos seus valores e a valorização da sua voz como sujeito ativo da instituição.
Os resultados demonstram que, embora diante de um contexto sofrido, com crenças prévias sobre um assunto pouco experimentado, tais como o ensino remoto e o uso das tecnologias no ensino, existam emoções e sentimentos negativos acerca da situação, e a verificação dos seus resultados podem contribuir para uma mudança de atitude, ou mesmo para a formação de uma intenção comportamental. Por isso, a decisão de ofertar um período experimental é vista, inclusive pelos professores, como uma excelente oportunidade para agregar conhecimento, desfazer preconceitos ou fortalecer opiniões.
Albarracin, D., & Shavitt, S. (2018). Attitudes and attitude change. Annual Review of Psychology, 69 (1). Ajzen, I. (2005) Attitudes, personality and behaviour (2nd ed). New York: Open University Press. Bardin, L. (2011). Análise de conteúdo (4. ed.). Lisboa: Edições 70. Saldaña, J. (2016). The coding manual for qualitative researchers (3rd ed.). London, England: SAGE. Zanna, M. P., & Rempel, J. K. (1988). Attitudes: a new look at an old concept. In D. Bar-Tal & A. W. Kruglanski (Eds.). The social psychology of knowledge, Cambridge University Press, Cambridge, UK.