Resumo

O uso do recurso fílmico para sala de aula é ilimitado, não é uma metodologia recente, mas por vezes é utilizado de forma equivocada, sem aprofundamento, contextualização, e sem planejamento. Ademais, alguns discentes julgam o recurso fílmico como uma ferramenta apenas de diversão, entretenimento e/ou lazer, descaracterizando a abordagem mais técnica, mais discursiva e analítica. Essa dificuldade na compreensão revela questões que ultrapassam as fronteiras deste artigo e por vezes da própria Universidade.

Nosso problema de pesquisa foi definido como: É possível utilizar o recurso fílmico como metodologia ativa de ensino na disciplina de Gestão de Alimentos & Bebidas em Hospitalidade na graduação de Turismo, nos formatos presencial e remoto? Portanto, o objetivo do artigo foi analisar o recurso fílmico como metodologia ativa na disciplina de Gestão de Alimentos & Bebidas em Hospitalidade da graduação do curso de Turismo da Universidade Federal da Paraíba durante o segundo semestre do calendário de 2019, iniciado presencialmente e finalizado remotamente devido ao advento da Covid-19.

O estudo se amparou em retratar o filme como ferramenta ativa de aprendizagem trazendo autores como Thiel & Thiel (2009) que sugerem algumas ações que podem ajudar os discentes na análise do filme, Napolitano (2015) aborda as vantagens e desvantagens do uso do filme dentro e fora da sala de aula, e Morán (1995) destaca os maus usos do filme no ambiente educacional trazendo para a discussão conceitos de vídeo-enrolação, vídeo-tapa buraco, vídeo-deslumbramento, vídeo-perfeição ou só vídeos. Além de uma pesquisa direta sobre a área de Alimentos & Bebidas nos cursos de Turismo nas IES.

O estudo abrangeu a proposta fílmica para a disciplina de Gestão de Alimentos & Bebidas em Hospitalidade na qual foi abordada as etapas: planejamento com a escolha e aplicação dos filmes, sendo esses de gênero, ano e país distintos para trazer perspectivas diversas em relação ao entendimento da gastronomia; construção da storyline; atividades diferenciadas com os filmes escolhidos e a observação participativa do uso do recurso durante um semestre. Procurou-se pontuar as dificuldades, as rejeições, vantagens e desvantagens do recurso, tanto no período presencial quanto no remoto.

É perceptível que o aproveitamento dos filmes se deu em ter uma melhor perspectiva sobre assimilar o conteúdo da disciplina de A&B, como cargos e funções, administração de cozinha-restaurante e as dificuldades dos profissionais da área, além de ver a valorização da cultura e de conhecer outras áreas da gastronomia, como a comida de rua. Os alunos também comentaram que ficaram inspirados com as mensagens finais que os filmes trouxeram.

Ressalta-se, portanto, a relevância de mesclar cinema e turismo como metodologia ativa sendo uma tentativa de usar as artes, em todas as suas perspectivas, para sensibilizar e transpor a formalidade da sala de aula. O filme precisa ter um entendimento que atravesse a ponte do entretenimento e lazer e abrir espaços para discussões, associações e aprendizado. O filme em si não precisa ter a temática do Turismo, mas apresentar de forma transversal algo que desperte no aluno a relação disciplina-filme.

DOC, Comparato. Da criação ao roteiro: teoria e prática. 4 ed. São Paulo: Summus, 2009. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2015. SEIXAS, Eugênia P. de A.; ARAÚJO, Maria. V. P. de; BRITO, Max L. de A.; FONSECA, Géssica F. Dificuldades e desafios na aplicação de metodologias ativas no ensino de turismo: um estudo em uma instituição de ensino superior. Revista Turismo - Visão e Ação - Eletrônica. V.19, N.3, p. 566-588. set./dez. 2017. THIEL, Grace C. THIEL, Janice C. Movie Takes: a magia do cinema na sala de aula. São Paulo: Aymara, 2009.