Resumo

Título do Artigo

A SIMBOLOGIA PRESENTE ENTRE COMIDA E SAMBA: Uma análise dos significados atribuídos às práticas de consumo em eventos presenciais e on-line.
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Palavras Chave

Consumo e Cultura
Identidade Social
Práticas Alimentares

Área

Marketing

Tema

Cultura e Consumo

Autores

Nome
1 - Diogo Lannes Melo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) - Instituto de Nutrição Josué de Castro - CCS
2 - Fábio Francisco de Araujo
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) - Instituto de Nutrição Josué de Castro

Reumo

Com base na teoria de consumo e cultura de Arnould e Thompson (2005), que consideram as práticas e os rituais de consumo constituem pontos essenciais na construção, manutenção e afirmação de identidades socioculturais, seja no âmbito individual ou coletivo. Acompanhando o avanço das pesquisas nos últimos anos, aqui buscou-se entender os significados culturais envolvidos na relação entre samba e gastronomia, analisando a construção identitária a partir das práticas consumeristas em eventos associados à Casa de Jongo e escola de samba Império Serrano, na comunidade da Serrinha, em Madureira.
Este trabalho pode contribuir para discussões sobre espaços de valorização, fortalecimento e preservação de tradições culturais, alinhados à construção histórica e identitária da cidade do Rio de Janeiro por meio de sua musicalidade, preferências culinárias e valores socioculturais. O objetivo do estudo foi analisar significações atribuídas ao consumo no evento do Samba da Serrinha na Casa de Jongo e compará-las àquelas identificadas no evento “Botequim do Império”, alternativa de conteúdo remoto voltado ao público que enfrenta o isolamento social causado pela pandemia de COVID-19.
Para tanto, é necessário fundamentar os assuntos pertinentes à pesquisa na literatura científica. Isso é feito em quatro seções. A primeira apresenta a relação entre consumo e cultura, trazendo as contribuições importantes à consolidação do campo. A segunda parte aborda o consumo e a sua influência na construção identitária dos indivíduos. A terceira seção fala sobre o papel dos alimentos nos encontros culturais, destacando os significados hedônicos que a alimentação adquire nesse contexto. Por último, é realizado um levantamento sobre a fundação da escola Império Serrano e da Casa de Jongo.
Primeiro, a metodologia foi baseada na técnica etnográfica da observação participante (OLIVEIRA, 2006). Realizamos incursões aos eventos do Samba da Serrinha no segundo semestre de 2018. As observações teriam continuidade no primeiro semestre de 2020, mas a pandemia provocou a suspensão dos eventos. Assim, foi necessária a adaptação que abarcasse o atual contexto de isolamento social. A nova etapa foi baseada na netnografia (KOZINETS, 2015). Realizamos observações da transmissão dos eventos “Botequim do Império” e da interação do público no chat, a fim de analisar as práticas de consumo.
Quatro categorias foram identificadas nas observações: O Samba da Serrinha e suas expressões simbólicas; o Botequim do Império e suas expressões simbólicas; o consumo de alimentos e suas significações; o consumo de bebidas e suas significações. As primeiras descrevem cada evento em seu contexto e particularidades. O consumo de alimentos apresenta significações de sociabilidade e renovação da energia, com os pratos refletindo a cultura do comensal. O consumo de bebidas mostra a cerveja simbolicamente associada ao samba, estimulando a sociabilidade e, no contexto remoto, prazer e o relaxamento.
Foi observado que existe uma criação simbólica de força e resistência física relacionada à comida durante a participação nos rituais presenciais ou remotos. Novos significados surgem no contexto de distanciamento social atrelados à tentativa de preservar atmosfera vivida presencialmente e promover bem-estar frente à crise do momento. As categorias nativas identificadas nesta pesquisa revelam que espaços de memórias culturais, como a Casa de Jongo e a quadra da escola de samba, são importantes para manter, reforçar e significar a identidade social dos praticantes enquanto acontecem os rituais.
ARNOULD, E.; THOMPSON, C. Consumer Culture Theory (CCT): Twenty Years of Research. Journal of Consumer Research, v.31, n.4, 2005. KOZINETS, R. Netnography. In: MANSELL, R.; ANG, P. H. (ed.). The international encyclopedia of digital communication and society. John Wiley & Sons, p. 1-8, 2015. OLIVEIRA, R. C. de. “Olhar, ouvir, escrever”. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Ed. UNESP, 2006, p. 19-26.