Resumo

Título do Artigo

EMPREENDEDORISMO FEMININO E PERFORMANCE: FAZENDO E DESFAZENDO GÊNERO NO TURISMO
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Palavras Chave

Gênero
Empreendedorismo Feminino no Turismo
Performance

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Mariana Marques de Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Vitória
2 - Eloisio Moulin de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento de Administração
3 - Priscilla de Oliveira Martins da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento do Curso de Administração

Reumo

A visão heróica do empreendedor como pioneiro, criativo e competitivo, embora aparente a ideia de ser emancipadora aos indivíduos, é carregada de distorção, reforçando um discurso heteronormativo de gênero dominado por essa imagem do empreendedor de sucesso, ou seja, homem, branco, ocidental e heterossexual. Embora pesquisas sobre empreendedorismo feminino tenham buscado corrigir esse desequilíbrio, há ainda uma tendência, mesmo nesse campo, de comparar o empreender de maneira binária, buscando medir o desempenho de mulheres sob a lente de normas masculinas.
Pesquisas sobre empreendedorismo feminino têm tratado a temática sob uma ótica binária havendo uma polarização que considera homens e mulheres essencialmente diferentes, não questionando a heteronormatividade de gênero existente no discurso do empreendedorismo. A partir de uma ótica pós-estruturalista, esse artigo buscou compreender como as normas performativas de gênero influenciam o fazer/desfazer gênero de mulheres empreendedoras do turismo, verificando como elas performam nos diversos âmbitos sociais, como o trabalho e o lar.
Para compreender como as normas performativas de gênero influenciam o fazer/desfazer gênero de mulheres empreendedoras do turismo, verificando como elas performam nos diversos âmbitos sociais, como o trabalho e o lar, discutiu-se na fundamentação teórica os conceitos de empreendedorismo feminino, trazendo a discussão para o campo do turismo, e os conceitos de gênero e performance, a partir da perspectiva de Judith Butler.
Realizou-se entrevistas semiestruturadas com 7 empreendedoras do turismo. Os dados foram analisados por meio do método análise de conteúdo. Após diversas análises, chegou-se a 2 categorias finais (fazendo gênero e desfazendo gênero), que abrigaram 5 subcategorias (Paradoxo lar e trabalho: sobrecarga no lar; Perfil empreendedor: “mulheres polvo”; Heteronormatividade de gênero: machismo e assédio no empreender feminino; Estratégias de enfrentamento: masculino e feminino; Paradoxo trabalho e lar: “E se eu só quiser trabalhar?”).
As entrevistadas promulgam práticas ressignificativas no trabalho de maneira a atuar a partir de uma tendência estereotipadamente masculina, desfazendo gênero e indo de encontro as marcas inscritas em seus corpos. Além disso, elas também valorizam características femininas que trazem vantagem aos seus negócios, desafiando a noção de que para prosperar e alcançar sucesso, a mulher deve assumir características masculinas. Nesse sentido, elas fazem gênero performando como “mulheres polvo”, ao desempenharem capacidades múltiplas para lidarem com as diversas responsabilidades que recaem sobre elas.
Este artigo evidencia as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas empreendedoras frente aos desafios vividos, como assédio e machismo, resultando em performances que as levaram a fazer e desfazer gênero nos diversos espaços. Como limitações da pesquisa, pode-se mencionar a ausência de empreendedoras que não se enquadram no gênero heterossexual. Assim, como indicação de pesquisas futuras, sugere-se analisar o empreendedorismo feminino no turismo a partir de outras temáticas da diversidade, como as interseccionalidades, analisando gênero com outros marcadores da diferença.
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