1 - Laira Gonçalves Adversi UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Rene Eugenio Seifert UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - Programa de Pós Graduação em Administração
Reumo
O tema das organizações alternativas vem despertando interesse dos pesquisadores na atualidade. De forma ampla, as publicações no campo sugerem que essas organizações se fundamentam na possibilidade de se contrapor ao modo de organizar dominante na modernidade, não se submetendo à sua lógica (COSTA, SEIFERT, MEIRA E HOCAYEN-DA-SILVA, 2018; BARCELLOS, et al., 2014a, 2014b, 2017). Para Misoczky, et al. (2010) as organizações alternativas constituem possibilidades de libertação, emancipação e transformação social.
Para melhor reconhecer as organizações alternativas, a literatura menciona as características das organizações convencionais, a fim de estabelecer comparação e diferenciação entre elas. Porém, não há consenso a respeito das características usadas para diferenciar os dois tipos organizacionais. Diante disso, esta pensata tem o objetivo compreender e refletir acerca das características das organizações alternativas apontadas pelas publicações brasileiras, para indicar possibilidades de estudos futuros para a área.
As características mencionadas para as organizações convencionais e alternativas são diversas e variadas. Em destaque, temos as seguintes características de organizações convencionais, a saber: burocracia, (SERVA, 1993), hierarquia (BARCELLOS E DELLAGNELO, 2013) e eficiência (MISOCZKY, et al., 2008).
Em proeminência, observamos as seguintes características de organizações alternativas, a saber: horizontalidade (ZILIO, et al., 2012), autonomia (BARCELLOS E DELLAGNELO, 2013), emancipação (MISOCZKY et al., 2008), afetividade (SERVA, 1993) e consensos (CASAGRANDE E CÂMARA, 2011).
A primeira discussão deste estudo elenca que ao tratarmos de burocracia como característica de organizações convencionais, e, portanto, base de comparação para as organizações alternativas, temos que levar em consideração que ela pode ser concebida de duas formas: i) dominação técnica (categoria histórica) e ii) tipo ideal de estrutura (PES DE PAULA, 2002). Além disso, a investigação pondera que o status do "consenso", tido como melhor forma de tomada de decisão em organizações alternativas, vem sendo questionado.
Por meio desta pensata foi possível refletir acerca das características de organizações convencionais e alternativas. Assim, o estudo teceu discussões acerca de alguns atributos desses dois tipos organizacionais e, de forma argumentativa, indicou possibilidades de estudos futuros. Entre os resultados desta investigação, podemos mencionar a necessidade de cautela na indicação da afetividade como característica de organizações alternativas, pois pode ser facilmente confundida com o termo “captura dos afetos” utilizado para se referir à manipulação do simbólico e do imaginário.
BARCELLOS, R.M.R; DELLAGNELO, E.H.L. Novas formas organizacionais: do dominante às ausências. Revista Pensamento Contemporâneo em Administração v. 7, n. 1, 1-16, 2013
COSTA, P. A., SEIFERT, R. E., MEIRA, F. B., & HOCAYEN-DA-SILVA, A. J. Provocações epistemológicas, teóricas e metodológicas a partir de experiências empíricas de organizações alternativas e contra hegemônicas. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v.5,n 13, 477-495, 2018.
MISOCZKY, M; FLORES, R.K ; BÖHM, S. A práxis da resistência e a hegemonia da organização. Revista Organizações & Sociedade, v.15 - n.45, 2008