Racismo acadêmico
Afrodescendentes
Ensino superior
Área
Gestão de Pessoas
Tema
As faces da Diversidade
Autores
Nome
1 - Antonia Aparecida Quintão UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - São Paulo
2 - Daniel Carvalho de Paula UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas
Reumo
Neste momento, no qual a Pandemia do Corona Vírus coloca novos desafios para o país, não é possível elaborar um Projeto de Desenvolvimento Econômico e Social estável e eficiente, sem enfrentar a temática do racismo, em uma população composta majoritariamente por afrodescendentes. É, portanto, urgente que as instituições rompam o silêncio e abram espaço para essa reflexão que certamente poderá questionar, transformar, inovar e libertar.
Este artigo consiste em uma reflexão crítica sobre o racismo que garante que os caminhos de acadêmicas negras e negros sejam especialmente tortuosos no acesso aos postos docentes no Ensino Superior, com particular interesse sobre as mulheres. O trabalho aqui lançado também se presta a evidenciar a lacuna que existe na literatura acadêmica sobre este tema, que compõe o imenso e multifacetado problema da desigualdade racial e de gênero no Brasil e os mecanismos diretos e indiretos que funcionam no sentido de reproduzi-la.
Almeida (2019) define racismo estrutural como decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo normal com que se constituem as relações políticas, econômicas, jurídicas e familiares. Bordi e Bautista (2007), demonstram que o número de mulheres ocupando postos de comando no âmbito universitário são significativamente inferiores em relação aos seus pares masculinos. O acesso a academia inclui também relações de poder mediadas pelo gênero, como afirmam Kiss, Barrios e Álvarez (2007). Carvalho (2006) descreve o ensino Superior como um ambiente inóspito para professores afrodescendentes.
Negros e brancos são socializados, formados e inseridos em uma sociedade pautada por uma lógica racializada, que reforça sistematicamente a imagem de que negras e negros são menos capazes, menos inteligentes, menos competentes, menos confiáveis e, por consequência, menos preparadas para assumir cargos estratégicos e de liderança nas organizações. É muito importante que as instituições acadêmicas, que formam aqueles que atuarão nos ambientes organizacionais, econômicos, políticos e sociais, tenham na sua formação, a possibilidade de dialogar sobre a estratificação e desigualdade racial.
Não se trata, portanto, de emudecer certas vozes tradicionais para substituí-las por outras. Trata-se de buscar realizar de verdade a tão falada polifonia, que deveria ser um dos pilares do mundo acadêmico. A pouca bibliografia sobre o tema demonstra a urgência de se efetivar uma representatividade de docentes negras e negros nas universidades condizente com o quadro da formação étnico-racial do povo brasileiro. Ou isso se realiza, ou a academia estará fadada a continuar majoritariamente elitista, monolítica e distante do Brasil que existe para além dos muros das universidades.