Resumo

O empreendedorismo é caracterizado como uma atividade essencial para o desenvolvimento econômico e social de uma região e, sendo amplamente discutido e incentivado, é natural que o tema faça parte do mundo dos negócios, mas também de outras organizações da sociedade, em especial, no ensino superior, contexto escolhido para a realização da pesquisa. Este estudo é desenvolvido tendo como recorte a Intenção Empreendedora (IE), tema alvo de pesquisas por estudiosos no mundo todo, e aborda o assunto no Brasil e no Japão, sendo este último um país onde as pesquisas sobre a IE são escassas.

Diante desses fatos, a pesquisa busca contribuir para ampliar as discussões sobre o tema nos dois países, especialmente no Japão, local onde a investigação pode gerar subsídios para fomentar a criação de políticas públicas direcionadas a um maior estímulo ao empreendedorismo na população jovem e incentivar a realização de mais pesquisas sobre a temática no País entre os estudiosos. Nesse contexto é que surge o objetivo central deste artigo, que é identificar e analisar os fatores que influenciam a IE nos estudantes brasileiros e japoneses.

A IE é fundamental para compreender a origem do processo empreendedor. Portanto, ganha relevância a análise dos fatores que podem influenciar a IE, especialmente os fatores sociodemográficos (idade, gênero, formação, dentre outros) e comportamentais. Sobre os fatores comportamentais, a IE é fundamentada na Teoria do Comportamento Planejado (TCP) de Ajzen (1991), a qual prevê que o controle comportamental e a intenção de agir resultam de três atitudes: atitude pessoal, norma subjetiva, e percepção sobre o controle do comportamento.

A pesquisa é de caráter descritivo, quantitativo e transversal. A base para sua realização foi o estudo de Liñán e Chen (2009). A amostra contou com alunos matriculados no curso de Engenharia Têxtil da UTFPR (Campus Apucarana-PR) e da Faculdade de Ciência e Tecnologia Têxtil (FTST- Campus Ueda) da Universidade de Shinshu. As análises empregadas na foram estatística descritiva e regressão múltipla. A coleta de dados ocorreu em ambas as instituições no período de agosto a outubro de 2020 e foram obtidas 231 respostas, sendo 104 respondentes da e 127 da FTST.

Os resultados indicaram que há relação significativa entre o gênero, formação em empreendedorismo, existência de parentes empreendedores e a idade na IE dos estudantes. Na amostra dos estudantes brasileiros a variável Atitude Pessoal é a mais correlacionada com a IE, já na dos estudantes japoneses, a variável CCP foi a mais relacionada.

A pesquisa apontou que os alunos matriculados na UTFPR tem uma predisposição maior ao empreendedorismo do que os alunos da Universidade de Shinshu. Isso foi revelado a partir dos resultados dos dois modelos de regressão onde a variável País foi inserida. Importante destacar que, a partir dos resultados do modelo de regressão foi possível reafirmar os postulados de Ajzen (1991), os quais apontam que os fatores comportamentais (Atitude Pessoal e Controle do Comportamento) apresentam o maior poder de explicação da IE, sendo estas variáveis consideradas as melhores preditoras.

AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v.50, n.2, p. 179-211,1991 HAIR, Junior; J. F., BABIN, B.; MONEY, A. H.; SAMOUEL, P. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005. HONJO, Y. Why are entrepreneurship levels so low in Japan? Japan and the World Economy, v.36, p. 88–101, 2015. LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross-Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n.3, p. 593-617, 2009.