Resumo

Os RSS são gerados em estabelecimentos de assistência à saúde humana ou animal. A correta gestão de RSS implica realizar as atividades de segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final segura deste tipo de resíduo. O município de Campina Grande – PB dispõe de serviços de saúde diversos, prestados por várias unidades hospitalares, públicas e privadas, que atendem a população local e a população de municípios no seu entorno. Por isso, os hospitais locais necessitam realizar adequada gestão dos RSS para preservar as condições de saúde pública.

A partir da contextualização anteriormente apresentada, tem-se como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Como é feita a gestão de RSS em hospitais da cidade de Campina Grande – PB? Para responder a este questionamento foi estabelecido o seguinte objetivo para esta pesquisa: Avaliar a gestão logística dos RSS gerados em hospitais da cidade de Campina Grande – PB. Assim, buscou-se identificar e descrever as ações realizadas em cada etapa relacionada ao manuseio e tratamento dos RSS gerados nos hospitais locais que aceitaram participar da pesquisa.

Os RSS são classificados de acordo com o risco potencial ao meio ambiente e à saúde pública, em cinco grupos (Grupos A, B, C, D e E), de acordo com a Resolução 222/2018 da ANVISA (2018). Os estabelecimentos de serviços de saúde são responsáveis pelo gerenciamento dos RSS gerados em suas atividades e estão sujeitos a regulamentações específicas. Por isto, cabe aos gestores conhecer e implementar ferramentas gerenciais capazes de auxiliar a gestão eficiente dos RSS, a exemplo dos canais de distribuição reversos, para atender demandas legais e sociais.

A presente pesquisa se classifica como descritiva e de estudo de casos, em função de avaliar a gestão logística dos RSS gerados em hospitais públicos da cidade de Campina Grande – PB. Foram revisadas contribuições teóricas e empíricas sobre gestão dos RSS, sobre a legislação vigente para gestão dos RSS e sobre Logística Reversa. A partir daí, foi elaborado um questionário para aplicação junto aos gestores de RSS dos hospitais estudados. Após a coleta de dados, realizou-se a análise qualitativa dos dados, à luz da legislação vigente e das contribuições teóricas revisadas

Os hospitais participantes desta pesquisa foram o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luís Gonzaga Fernandes e o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC). Verificou-se que estes hospitais geram todos os grupos de RSS classificados na legislação. Foram descritas as ações realizadas em cada hospital para a gestão de RSS, notadamente, as atividades de segregação, acondicionamento, coleta interna, coleta externa, destinação final segura e segurança e treinamento dos funcionários. Observou-se que, em ambos os hospitais, há preocupação e empenho para o cumprimento da legislação vigente.

Nos hospitais estudados percebe-se que a gestão de RSS prioriza realizar ações relacionadas à destinação final segura dos RSS dos grupos especiais. Em contrapartida, um grande volume de resíduos do Grupo D segue sendo destinado diretamente à coleta pública municipal, mesmo muitos destes tendo potencial de reaproveitamento através dos canais de logística reversa. Isto provavelmente ocorre em função da não obrigatoriedade da Lei em relação à revalorização dos RSS do grupo D. Nos dois casos estudados verificam-se poucas ações de logística reversa, dentro ou fora destes hospitais.

ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 222, de 28 de Março de 2018. Regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e dá outras providências. Ministério da Saúde, ANVISA. Brasília: Ministério da Saúde, 29 de Março de 2018. ZAJAC, M. A. L. et al. Logística reversa de resíduos da classe D em ambiente hospitalar: monitoramento e avaliação da reciclagem no Hospital Infantil Cândido Fontoura. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 78-93, jan./ abr. 2016.