Resumo

A Nova Sociologia Institucional – NIS busca explicar os fenômenos institucionais a partir do comportamento dos agentes econômicos, não como produto exclusivo da racionalidade, mas das dimensões psicológicas e sociológicas que instruem a forma que se relacionam e como interagem com o ambiente (Burns & Scapens, 2000). A NIS contribui para emoldurar a cultura organizacional, trazendo a compreensão da abordagem à contabilidade gerencial, sendo a principal teoria referenciada em estudos que se voltam à pesquisa interpretativista e crítica (Soeiro e Wanderley, 2019).

A NIS tem contribuído para explicar a lacuna que há entre a diversidade de ferramentas e novas técnicas produzidas pelo mercado e disponibilizadas aos gestores e a baixa adesão e implementação dessas tecnologias no âmbito da contabilidade gerencial (Oyadomari et al., 2008). Assim, o objetivo deste estudo foi mapear, por meio de uma revisão sistemática de literatura, as produções acadêmicas desenvolvidas no ambiente institucional brasileiro sobre o uso de ferramentas pela contabilidade gerencial que se valem da NIS como plataforma teórica.

O principal argumento da NIS é que algumas organizações existem em ambientes altamente institucionalizados, e que para obter a legitimidade e garantir os recursos essenciais para sua sobrevivência, elas tendem a adotar estruturas e procedimentos que são valorizados em seu ambiente social e cultural se tornando então isomórficas (Meyer e Rowan, 1977). Soeiro e Wanderley (2019) apontam que na contabilidade gerencial os estudos desenvolvidos no contexto da NIS que buscam analisar a forma como a contabilidade gerencial molda e é moldada de acordo com o contexto local.

Através de uma revisão sistemática da literatura foram identificados e analisados 16 artigos no período de 2000 a 2020 que abordaram ferramentas gerencias e utilizaram a NIS como plataforma teórica. Os artigos que trataram sobre BSC indicaram a dificuldade na institucionalização da ferramenta, seja por falta de incentivo da gestão e lideranças ou ainda pelo uso inadequado da mesma. A institucionalização do orçamento foi bem-sucedida nos estudos de casos que analisados. Também foi encontrado evidências de isomorfismo nos estudos de práticas de gestão de custos em micro e pequenas empresas.

Observou-se que os artigos analisados foram desenvolvidos em sua maioria como estudos de caso, além disso, uma menor parte dos artigos foi conduzida por meio de survey. Foi identificado que a NIS é majoritariamente utilizada no contexto gerencial no que tange ao isomorfismo institucional. Além disso, também foi possível observar que a adoção de determinada ferramenta pela organização é mais acentuada devido à sua legitimação com o meio organizacional que se insere e menos devida às suas necessidades gerenciais.

Burns, J., & Scapens, R. W. (2000). Conceptualizing management accounting change: An institutional framework. Management Accounting Research, 11(1), 3–25. Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized Organizations: Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340–363. Oyadomari, J. C., Cardoso, R. L., Mendonça Neto, O. R., & Lima, M. P. (2008). Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras. Um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 55–70.