Resumo

A globalização possibilitou a abertura dos mercados de capitais para investidores/empresas de todo o mundo (PASKALEVA; STOYKOVA, 2021), o que gerou um aumento nas operações financeiras e na interdependência dos mercados, tornando o sistema financeiro agente principal para desencadear riscos e, consequentemente, possíveis crises sistêmicas (CAPELLETTO; CORRAR, 2008). No Brasil, desde a estabilização econômica com o plano real, o mercado de capitais vem se expandindo e com ele diversas atividades bancárias se destacaram, como as operações de aquisição entre as instituições financeiras.

Dado o importante papel das instituições bancárias em relação ao risco sistêmico e as frequentes operações de aquisição entre elas, torna-se significativo analisar o reflexo dessas operações do mercado acionário, sob a ótica do risco. Assim, apresenta-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é a contribuição marginal em risco das instituições bancárias, que sofreram aquisição, ao risco do mercado acionário brasileiro? O objetivo é analisar a contribuição em risco das instituições bancárias ao risco do mercado acionário brasileiro, antes e após terem sofrido aquisição, por meio do Modelo CoVaR.

O setor bancário brasileiro, com o advento da globalização e pós estabilização econômica do país, ampliou suas atividades, como as aquisições entre instituições financeiras. Ressalta-se que a inadimplência de um banco é capaz de produzir efeitos que se estendem muito além da própria instituição, podendo atingir grandes fatias do sistema bancário e da economia real, sendo tal fenômeno conhecido como efeito contágio (ZEDDA; CANNAS, 2020) - uma das fontes do risco sistêmico. Nesse contexto, há uma maior necessidade de gerenciar os riscos sistêmicos provocados pelos bancos.

Um dos modelos para a mensuração do risco sistêmico é o CoVaR, o qual capta a contribuição marginal de uma determinada instituição ao risco sistêmico geral. Seu emprego se deu para analisar a contribuição marginal em risco das instituições bancárias ao risco do mercado acionário brasileiro, antes e após terem sofrido aquisição. Para tal, os dados diários dos preços acionários dos bancos listados na B3, que sofreram aquisição entre 2002 a 2020, e do Ibovespa foram coletados, baseando-se em informações divulgadas pelo BACEN. A amostra contemplou seis instituições bancárias.

Em geral, observa-se uma tendência de diminuição da contribuição em risco ao mercado após as aquisições. Uma possível explicação pode ser estabelecida pela relação entre a liquidez e a volatilidade. Para Amihud e Mendelson (1986), um ativo mais líquido apresenta menor volatilidade e como risco é função da volatilidade, quanto mais líquida a ação, menor a contribuição marginal da empresa ao risco do mercado. Logo, é possível sugerir que, em geral, após as aquisições, as ações dos bancos tornaram-se mais líquidas, minimizando a contribuição de riscos ao mercado.

Pode-se observar, então, uma possível tendência de diminuição na contribuição em risco dos bancos para o risco do mercado, quando essas instituições sofrem aquisição. Os resultados, então, corroboram o objetivo das aquisições, sendo essas reconhecidas como uma forma importante de expansão dos negócios, que possibilita o aumento da riqueza dos acionistas por meio de mudanças nos preços das ações. Ademais, quanto maior a liquidez de um ativo, menor é a sua volatilidade, e consequentemente o seu risco. Assim, quanto mais líquido for um ativo, menor a sua contribuição marginal ao risco do mercado.

ADRIAN,T;BRUNNEMEIER,M.K.CoVaR.The American Economic Review,106,7,p.1705-41,2016 AMIHUD,Y; MENDELSON,H.Asset pricing and the bid-ask spread.Journal of Financial Economics,17,2,p.223-49,1986 CAPELLETTO,L;CORRAR,L.Índices de risco sistêmico para o setor bancário.Revista Contabilidade e Finanças,19,47,p.6-18,2008 PASKALEVA,M; STOYKOVA,A.Globalization effects on contagion risks in financial markets.SHS Web Conferences,92,03021,2021 ZEDDA,S;CANNAS,G.Analysis of banks’ systemic risk contribution and contagion determinants through the leave-one-out approach.Journal of Banking and Finance,112,2020