Resumo

Diante da lógica de mercado, há uma constante necessidade de proteção e garantia dos interesses das organizações, desta maneira, as discussões sobre sustentabilidade podem ser reconhecidas como formas de manter ou aprimorar posições de poder. Os debates sobre o tema, neste artigo, partem de uma tentativa de superação das perspectivas ambiental, social e econômica. Fundamentando-se em artigos que utilizaram a análise de narrativa e proporcionaram uma compreensão mais aprofundada acerca da sustentabilidade nas organizações, defende-se aqui um olhar que parta de lentes políticas e ideológicas.

As discussões que abrigam os temas organizações, sustentabilidade e narrativa encaminharam ao objetivo de compreender como as narrativas constroem o caminho para que a sustentabilidade organizacional seja acessada. Para isso, optou-se por identificar artigos científicos que abordaram os três temas e as relações entre eles nos últimos cinco anos (2016-2020). O delineamento metodológico da pesquisa foi feito pautado nos princípios da meta-síntese, delineado em oito etapas.

As influências internas e externas atribuem relevância às relações entre organizações, indivíduos, sociedade, e permitem que as primeiras sejam consideradas sistemas verbais socialmente construídos. Mediante alinhamento ao desenvolvimento capitalista, as organizações assumiram papel relevante nas discussões sobre a crise ambiental. Assim, discutir a sustentabilidade nas organizações, a partir da análise de narrativas, permite uma aproximação do praticante e de suas práticas, compreendendo-as de forma reflexiva e apreendendo o sentido dos fenômenos de maneira aprofundada.

Após o delineamento do artigo fundamentado nas oito etapas propostas por Hoon (2013), os dados revelaram que as discussões sobre sustentabilidade em organizações abrigaram diferentes percepções do decorrer da história: mitigação dos impactos ambientais; relação com desempenho econômico; bem-estar dos indivíduos em ambiente organizacional. O contexto das organizações, analisado por meio das narrativas, apresenta sustentabilidade a partir das lentes políticas e ideológicas, perpassando as três instâncias fundamentais na construção dessa discussão – indivíduo, organização e ambiente externo.

O acesso aos estudos permitiu que as discussões sobre sustentabilidade superassem perspectivas usuais. O tema foi debatido fundamentando-se nas lentes política e ideológica, o que fez com que a sustentabilidade fosse interpretada como um assunto que não consiste unicamente na implementação de certificações ambientais e relatórios publicados anualmente. A sustentabilidade envolve relações intersubjetivas, complexidades e custos de implementação. Estes aspectos provocam resistências à nível organizacional, o que faz deste um assunto permeado por tensões, relações de força e poder.

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