Resumo

A partir da revisão da literatura nacional e internacional sobre negócio inclusivo (NI), foram identificadas duas definições teóricas: base da pirâmide (BPO), na qual a pessoa de baixa renda não é vista apenas como um ser menos afortunado e, sim, como um consumidor em potencial (PRAHALAD; HART, 2008; SHYAM, 2017; BECKWITH, 2016), e a cadeia de valor, a qual inclui pessoas ou grupos excluídos na sua cadeia de fornecedores, revendedores e demais públicos de relacionamento da empresa (TEODÓSIO; COMINI, 2012; PETRINI; SCHERER; BACK, 2015; GOLJA; POZEDA, 2012).

Com relação à literatura nacional e internacional, segundo Hahn (2012), nos últimos anos, foram geradas uma quantidade considerável de pesquisas sobre negócios, mas a ênfase principal nas ciências da Administração está nos resultados econômicos ou na questão de como integrar os pobres aos negócios e cadeias de valor. Portanto, busca-se um avanço na compreensão teórica sobre negócios inclusivos, com o objetivo de identificar e analisar as definições teóricas existentes, de forma a buscar definições mais claras e robustas sobre esse tipo organizacional.

Após revisão na literatura, foram identificadas duas linhas de conceituais sobre os NIs. Na primeira, os autores definem como os negócios incluem indivíduos pobres na base da pirâmide (BOP) para melhorar suas condições de vida (BASTOS; VALE; TEODÓSIO, 2013; PRAHALAD; HART, 2008; HEERIKHUIZE, 2019; LASHITEW; BALS; TULDER, 2020; SHYAM, 2017; BECKWITH, 2016). Na segunda, definem NIs como aqueles que incluem os pobres na sua cadeia de valor como fornecedores, distribuidores, funcionários etc. (TEODÓSIO; COMINI, 2012; PETRINI; SCHERER; BACK, 2015; GOLJA; POZEDA, 2012).

Este estudo contemplou duas etapas de pesquisa: a) pesquisa exploratória na literatura nacional e internacional, com o objetivo de entender a diferença conceitual entre PO e ES e compreender as definições teóricas existentes sobre NIs e b) pesquisa qualitativa com quatro estudos de casos, onde entrevistou-se 25 mulheres, entre fundadoras, funcionárias e outras mulheres, realizadas no período de 3 de fevereiro a 27 de abril de 2021 por meio de questionários semiestruturados.

Os dados empíricos, confirmaram o mesmo identificado na pesquisa exploratória sobre negócios inclusivos, que a exclusão e inclusão social não foram plenamente debatidas pela área de Administração. Os estudos de casos apontaram que, além da cadeia de valor (Rede Asta), foco na inclusão produtiva, identificou-se a busca pela autonomia financeira na base da pirâmide (Rede Mulher Empreendedora) e ainda outras duas definições parcialmente debatidas: inclusão de voz (Empreendedorismo Rosa/Lenia Luz) e inclusão pela linguagem (Wakanda), pressupondo-se que sejam inéditas.

Com foco no levantamento teórico e empírico, foram identificadas definições teóricas sobre NIs, sendo duas já catalogadas pela literatura, base da pirâmide (BOP) e cadeia de valor, e outras definições parcialmente debatidas pela literatura: De Direitos (Advocacy), Autoinclusão; Mais do que melhoria financeira para os pobres, deve haver aspectos de Reconhecimento, (Auto)respeito e Inclusão; Recursos Estendidos, que inclui a noção de recurso “desperdiçado”, empresas inclusivas empregam mais pessoas excluídas no local de trabalho, e inclusão pela linguagem e de voz.

PRAHALAD, Coimbatore Krishnarao; HART, Stuart L. The fortune at the bottom of the pyramid. Estratégia e Negócios, Florianópolis, n. 26,2002. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/260943834. Acesso em: 29 jul. 2021. TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa; COMINI, Graziella. Inclusive business and poverty: prospects in the Brazilian context. R. Adm., São Paulo, v. 47, n. 3, jul./ago./set. 2012. Disponível em: https://ice.org.br/blog/wp-content/uploads/2017/09/Grazi-Inclusive-business-and-poverty-prospects-in-the-Brazilian-context..pdf. Acesso em: 29 jul. 2021.