Resumo

Título do Artigo

AS RELAÇÕES SOCIAIS E O MERCADO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS DA ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

relações
orgânicos
mercado

Área

Agribusiness

Tema

Sustentabilidade nas Cadeias Agrícolas

Autores

Nome
1 - Giorgia Redwitz Arabe
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - HIGIENÓPOLIS
2 - Marta Fabiano Sambiase
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE (MACKENZIE) - CCSA - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Reumo

A pandemia do covid-19 favoreceu o aumento do consumo de alimentos orgânicos pelos circuitos curtos. É um cenário formado pela agricultura familiar e alimentos de baixo valor agregado. Com isso, surgiram novas cadeias de valor, com relações baseadas em princípios compartilhados, evidenciados nas relações da Teoria das Trocas Sociais (TTS) (BLAU, 2017). Estas trocas são realizadas por indivíduos de uma rede que criam o mercado (GRANOVETTER, 1985). Assim, buscou-se entender as relações entre os agentes da cadeia de valor de alimentos orgânicos da Associação dos Agricultores da Zona Leste AAZL
Com base no cenário que envolve o desafio de trabalhar o aumento da produção e redes de relacionamentos entre os agentes da cadeia de alimentos orgânicos, sendo os mesmos fundamentais para uma cadeia baseada em valor - VBSC, tem-se a questão de pesquisa: Como as interações sociais influenciam o mercado de alimentos orgânicos da AAZL por meio de uma cadeia baseada em valor? O objetivo geral, portanto, é identificar a relação entre as interações sociais dos agentes da cadeia de alimentos orgânicos da AAZL e a dinâmica deste mercado sob a perspectiva da VBSC.
Com uma visão sociológica de mercados proposta por Granovetter (1985), onde o conjunto de interações compõe elemento estimulador ou não de transações, complementa-se com a TTS que está atrelada às ações que criam obrigações por parte dos indivíduos em relação, acarretando vínculos de reciprocidade (BLAU, 2017). No contexto de alimentos orgânicos e alimentação urbana, a comercialização de circuitos curtos incentiva relações de proximidade (MARSDEN; BANKS; BRISTOW, 2000), podendo ser uma cadeia baseada em valor, constituída por agentes que compartilham valores (HARDESTY et al., 2014).
Foram conduzidas entrevistas com os agentes da cadeia de valor de alimentos orgânicos da AAZL. A coleta de dados baseou-se em entrevistas semiestruturadas. Para orientar o roteiro de entrevistas, partiu-se de duas escalas validadas baseadas no Comprometimento, Confiança, Reciprocidade e Cooperação. Também auxiliou o roteiro as sugestões da técnica de redes sociais EGONET. Para a análise de dados, optou-se pela utilização de dois métodos de pesquisa qualitativa, um de análise de conteúdo e outro de redes sociais.
A partir do estudo das interações e da estrutura social, no caso, a cadeia de alimentos orgânicos da AAZL, pela perspectiva de mercado, foi possível avaliar o quanto esta se aproxima ou não de uma VBSC. Total de relações identificadas 376. Todos os agentes possuem relação com no mínimo um indivíduo da cadeia. Os resultados da análise mostram que os agricultores são desafiados diariamente e, por vezes, com situações inesperadas, como pode-se notar nas interações entre os agentes; existem relações favoráveis e não favoráveis no que tange a cooperação, reciprocidade, comprometimento e confiança.
Falta de um processo contínuo das relações positivas, ou seja, não é realizada a lógica do estímulo, ação, reação e reforçamento. A cadeia de alimentos orgânicos da AAZL não pode ser configurada como uma VBSC. O momento de isolamento social pode ter agravado a qualidade das relações. Os agricultores tendem a sofrer os piores resultados porque estão isolados com uma produção, em dificuldade para exercer as práticas de mercados que se dão por meio das interações. É necessário ter um olhar além da legislação e programas de apoio, mesmo sendo importantes agentes deste mercado.
BLAU, P. Exchange and power in social life. Routledge, 2017. GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: The problem of embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985. HARDESTY, S.; FEENSTRA, G.; VISHER, D.; LERMAN, T.; THILMANY-MCFADDEN, D.; BAUMAN, A.; GILLPATRICK, T.; RAINBOLT, G. N. Values-based supply chains: Supporting regional food and farms. Economic Development Quarterly, v. 28/1, 2014. MARSDEN, T.; BANKS, J.; BRISTOW, G. Food supply chain approaches: exploring their role in rural development. Sociologia Ruralis, v. 40, n. 4, p. 424-438, 2000.