Resumo

No atendimento de um paciente por um médico uma maior capacidade de ser hospitaleiro pode influenciar significativamente a relação e a prática clínica. A hospitalidade pode ser entendida como um encontro que evolui para o acolhimento. Esse acolhimento é resultado positivo de uma escolha entre aceitar ou rejeitar o outro. Essa aceitação está baseada em uma avaliação feita em processos afetivos e cognitivos, em uma percepção emocional. (Guimarães, 2019).

O encontro hospitaleiro pode ser encarado como a base a partir da qual relacionamentos são criados, pois ele representa uma oportunidade concreta para que o paciente possa estabelecer ou ampliar o vínculo com o médico. As emoções estão na base da formação dos vínculos. O objetivo deste artigo é discutir a hospitalidade e as emoções do médico no encontro médico-paciente, amparando-se nos estudos sobre a hospitalidade, empatia e as emoções.

O encontro hospitaleiro é uma relação interpessoal marcada pela aceitação e acolhimento e que produz vínculos. Para Bion (1966) as emoções são intrínsecas ao vínculo já que uma experiência emocional não pode ser concebida isoladamente de uma relação. Na formação de vínculos, a empatia, a intersubjetividade e a compreensão das emoções são utilizadas (Freud, 1921). O entendimento emocional e empático de “perceber e sentir” a dor ou o prazer do outro pressupõe o conseguir colocar-se no lugar do outro. (Guimaraes, 2019)

As avaliações do encontro hospitaleiro são fortemente baseadas na relação, no acolhimento, na capacidade do médico ser percebido como hospitaleiro pelo paciente. A empatia, a intersubjetividade e a compreensão das emoções mútuas, foram conceituadas, e utilizadas, na busca deste entendimento, da relação privilegiada de um sujeito com outro sujeito. Na medicina tem-se a visão de que os médicos decidem de forma objetiva sem interferências emocionais. No entanto, o que os estudos mostram, é que não existe, ação, comunicação e comportamentos que não sejam afetados pelas emoções.

A expressão das emoções e a empatia estão relacionadas com a capacidade de alguém ser mais hospitaleiro, de bem receber e acolher o outro, hóspede, cliente ou paciente. O encontro clínico é um momento em que médico e paciente ligam-se e interagem também por meio das emoções que desempenham um papel importante no diagnóstico, na comunicação, na escolha, e na adesão de um tratamento.

BION, W. R. Os elementos da psicanalise, inclui o aprender com a experiencia. São Paulo: Zahar, 1966. FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 1921. GUIMARÃES, G. De A. Hospitabilidade: avaliação das características e motivações que determinam a capacidade de ser hospitaleiro. 2019. Tese de Doutorado -Universidade Anhembi Morumbi-Programa de Pós-Graduação em Hospitalidade, 2019. LASHLEY, C. Hospitalidade e Hospitabilidade. Revista hospitalidade, p. 70–92, 2015.