Resumo

Título do Artigo

Criação e distribuição de valor na cadeia de cafés especiais entre o Brasil e a Europa
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Atributos de valor
Governança
Mensuração

Área

Agribusiness

Tema

Estratégia e Competitividade nas cadeias agrícolas

Autores

Nome
1 - Amanda Ferreira Guimarães
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Campus Sede - Maringá
2 - Sandra Mara de Alencar Schiavi
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPA/ UEM)
3 - Bouroullec
Ecole d'Ingénieurs de Purpan - UMR AGIR/INRAE
4 - Jaiane Aparecida Pereira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) - Câmpus de Naviraí

Reumo

A melhoria do posicionamento de produtores em cadeias globais de valor depende da eficiência na organização da cadeia (FAO, 2014), que é fruto da distribuição e remuneração pelo valor gerado. Teoricamente, essa eficiência depende do modo como as transações são organizadas em termos de estruturas de governança (WILLIAMSON, 1985; BARZEL, 2005). Falhas de coordenação em qualquer uma das transações na cadeia são suficientes para impactar na eficiência em toda a cadeia. Entende-se que a eficiência da cadeia como um todo requer a análise do conjunto de transações que compõe cada um dos seus elos.
Na cadeia de cafés especiais foi identificado problemas de coordenação associados à transmissão da informação, gerando falhas de incentivos em termos de remuneração aos produtores e ineficiências (SAMPER; GIOVANUCCI; VIEIRA, 2017). Como o Brasil é o maior produtor e exportador de cafés e a Europa maior importadora e consumidora, o objetivo deste trabalho foi compreender como estão organizadas as transações entre os elos ao longo da cadeia de cafés especiais entre agentes no Brasil e na Europa, com foco na criação e distribuição de valor.
A transação de produtos com maior valor agregado pode envolver elevada especificidade de ativo e dimensões difíceis de serem mensuradas. A Economia dos Custos de Transação fornece resultados de modo a minimizar as perdas no valor do ativo (WILLIAMSON, 1985) e a Economia dos Custos de Mensuração na adoção de estruturas de governança menos complexas ao se considerar a mensuração das dimensões do ativo (BARZEL, 2005). Isso é relevante especialmente quando se trata de cadeias globais de maior valor agregado, o que requer uma análise do conjunto de transações entre os diversos elos.
Esta pesquisa, qualitativa e descritiva, foi operacionalizada por meio de entrevistas semiestruturadas com 26 integrantes da CGV de cafés especiais envolvendo o Estado do Paraná, no Brasil, quatro países da Europa (Bélgica, França, Holanda e Suécia) e três agentes-chave, além da observação não participante em atividades referentes às transações de compra e venda de cafés especiais. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo.
Primeiro, ao contrário da configuração tradicional (fluxo linear de produtos, serviços e informações) essa é uma cadeia complexa, heterogênea e não linear. Outro resultado mostra que a CGV de cafés especiais transaciona um conjunto de atributos de valor intrínsecos e extrínsecos que compõe o ativo café. Para além dos atributos físicos, sensoriais, de produção socialmente sustentável, sociais e de região, a agradabilidade e a padronização do produto são importantes atributos de valor. Tais atributos se alteram ao longo da cadeia sendo mensurados de forma diferentes pelos agentes.
Identificou-se que os desequilíbrios na mensuração ao longo da cadeia podem comprometer a sobrevivência desta no longo prazo. Embora exportador e importador tenham papel importante na mensuração e, portanto, na garantia da informação, a não mensuração por parte dos agentes mais à jusante, como os torrefadores e coffee shops comprometem a transmissão da informação uma vez que estes são os primeiros agentes a identificarem o valor demandado na cadeia. Tais desequilíbrios puderam ser identificados por observar o conjunto de transações na cadeia como um todo em detrimento à uma transação isolada.
BARZEL, Y. Organizational forms and measurement costs. Journal of Institutional and Theoretical Economics, n. 161, p. 357-373, 2005. FAO. Developing sustainable food value chains: guiding principles. Rome, 2014. SAMPER, L. F.; GIOVANNUCCI, D.; VIEIRA, L. M. The powerful role of intangibles in the coffee value chain. Economic Research Working Paper No. 39. World Intelectual Property Organization, 2017. WILLIAMSON, O. E. The economic institutions of capitalism. New York: Free Press, 1985.