Resumo

Título do Artigo

TRABALHO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: A PRÁTICA DO PODER SIMBÓLICO
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Pandemia COVID-19
Mudança do Trabalho
Poder e Disciplina

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - Giovana Hiluy Vieira
Centro Universitário Christus - Unichristus - Administração
2 - Maely Barreto Borges
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR) - PPGA

Reumo

Segundo Bourdieu (2007), a dinâmica das relações em todos os espaços sociais são determinadas por configurações objetivas, revelando uma orientação de forma consciente e inconsciente em jogos de ação com regras claras e não claras, mas são internalizados. Em março de 2020, o Brasil adotou medidas protetivas contra a pandemia do COVID-19, como distanciamento social e lockdown, induzindo grande parte das organizações a aplicar novas formas de trabalho a fim de se adequar às instruções do Governo, mas continuar com suas atividades.
O trabalho adaptado ao isolamento social instiga questionamento sobre as novas relações estabelecidas no trabalho remoto. Essas relações orgânicas, decorrente desse modo de interação desconhecida, retoma a necessidade de tratar o assunto do poder simbólico, pois, não só o ofício, mas o senso de pertencimento e as identidades organizacionais também são alteradas pela atual circunstância. Nesse contexto, o presente estudo identifica a prática do poder simbólico no trabalho dos profissionais que exerceram seu ofício de modo remoto durante a pandemia do COVID-19 na cidade de Fortaleza.
A Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Televendas (SOBRATT, 2020, s.p.), define o teletrabalho como: “Toda modalidade de trabalho intelectual, realizado à distância e fora do local de trabalho sede da empresa”, com uso das tecnologias de informação e comunicação. Além disso, o poder simbólico patronal decorre da relação próxima entre o empregador e o empregado. O poder simbólico é um poder de construção da realidade em que, as produções simbólicas resultantes, são aplicadas ​​como ferramentas de dominação. Essa regra é o resultado de uma luta simbólica entre classes hierárquicas.
Foram realizadas 13 entrevistas semi estruturadas com profissionais de organizações públicas e privadas que exerceram ofício de forma remota em algum período da pandemia na cidade de Fortaleza. As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise de conteúdo (BOURDIEUR, 2007) com o auxílio do software Atlas TI 8. Alinhado pelo objetivo foram criadas três categorias: Reconstituição da rotina e criação de condicionamentos simbólicos, que tem uma subcategoria chamada Uso da tecnologia; Ressignificação dos espaços familiares, e a terceira categoria nomeada Estruturação do espaço físico.
A mudança para o trabalho remoto está associada com a vigilância dos mecanismos de controle por parte dos empregados e empregadores, tornando-se uma expressão de poder. Além disso, essa reestruturação faz parte de uma ressignificação dos espaços físicos e âmbitos familiar e profissional. Além disso, a criação de condicionamentos simbólicos e a modificação da rotina ocasionou o adoecimento físico e emocional, juntamente, os profissionais perderam o limite entre a vida pessoal e a profissional, fazendo com que estivessem disponíveis o dia inteiro.
A alteração do presencial para o remoto aconteceu de maneira brusca e não prevista. Poder trabalhar de casa, na maioria dos casos, reduziu o tempo livre, pois as funções profissionais se misturaram com outras rotineiras do lar. Ademais, a mudança de um ambiente de trabalho preparado para a casa do profissional, ambiente não preparado, proporcionou problemas físicos e emocionais aos entrevistados. Além disso, foram utilizadas plataformas de comunicação online, causando uma confusão entre particular e profissional de cada empregado, além de um aumento da demanda.
ANTUNES,R. Os sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a Afirmação e a Negação do Trabalho. 11.ed. São Paulo: Boitempo,2010 BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. SCHEIN, E.H. Organizational culture and leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 1986. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. COVID-19 NO BRASIL. 2020. Disponível em: https://susanalitico.saude.gov.br/extensions/covid-19_html/covid-19_html.html. Acesso em: 18 nov. 2020.