Resumo

Título do Artigo

Percepções de pessoas gordas sobre o corpo no mercado de trabalho
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Palavras Chave

Corpo gordo
Estereótipos
Gordofobia

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Tayla de Pinho Ramos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Campus Viçosa
2 - Diego Costa Mendes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Departamento de Administração e Contabilidade (DAD) e Programa de Pós-Graduação em Administração

Reumo

A partir da padronização da beleza e do estabelecimento do corpo sem gorduras e marcas como referencial idealizado, pessoas gordas vivenciam diariamente as consequências de estereótipos e estigmas sobre a gordura e seus corpos. Esse contexto pode gerar prejuízos para tais indivíduos nos âmbitos afetivo, social e no ambiente de trabalho
O presente estudo tem como objetivo compreender a percepção de pessoas gordas sobre o lugar que ocupam no contexto de trabalho. Buscou-se identificar os estereótipos e os estigmas que pessoas gordas sofrem nas relações sociais, descrever a percepção que pessoas gordas têm sobre padrões estético-corporais, entender como padrões estético-corporais estão relacionados com o trabalho, e analisar como pessoas com corpos gordos percebem a influência dos padrões estético-corporais sobre o trabalho que exercem.
O arcabouço teórico do artigo discorre sobre as distintas percepções sobre o corpo ao longo da história (RODRIGUES; ARCOVERDE, 2014); a idealização sobre o corpo magro e escultural como padrão corporal vigente; a maneira como a obesidade é patologizada em nossa sociedade (SILVA et al. 2018); os efeitos da estigmatização das pessoas que fogem a este padrão de beleza e normalidade no contexto social e de trabalho (GOFMANN, 1988; LEVRINI, 2016); além de discussões sobre gordofobia (VAZ; SANCHOTENE; SANTOS, 2018).
A pesquisa foi desenvolvida a partir de abordagem qualitativa e a coleta de dados se deu por meio de questionários eletrônicos divulgados em páginas no Facebook, intituladas “Conversa sobre gordofobia” e “STOP Gordofobia Brasil”. A escolha das referidas páginas esta pautada no público-alvo a que se destinam, majoritariamente pessoas de corpos gordos, sendo amplamente reconhecidos como espaços de discussão coletiva e empoderamento de pessoas gordas. O questionário foi respondido por 30 pessoas e os relatos foram submetidos à análise de conteúdo.
Identificou-se por meio do presente estudo que as pessoas gordas são associadas aos estereótipos da preguiça, falta de agilidade, incapacidade, doença, sujeira e poucas condições para lidar com os próprios problemas. Ademais, foi possível depreender dos relatos constantes pressões exercidas sobre os corpos, a fim de que se adequem ao padrão de beleza e, assim, adquiram credibilidade no ambiente de trabalho. Apesar dos estereótipos limitantes da incapacidade, preguiça e falta de mobilidade, as pessoas gordas incapazes se consideram plenamente capazes de desenvolver suas funções.
A partir dos resultados, pode-se notar que o ambiente de trabalho costuma ser hostil e rejeita pessoas com corpos gordos, e isto tem prejudicado estes indivíduos desde a inserção no mercado de trabalho à promoção. Percebe-se ainda que as pessoas gordas vivenciam situações que as excluem, isolam e fazem com que se sintam deslocadas no contexto de trabalho.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. LOPES, V.; MEDEIROS, C. R. O. Estigmas da obesidade no contexto das organizações: abominação, fracasso e incapacidade. Organizações em Contexto, São Bernardo do Campo, v. 13, n. 25, São Paulo, 2017. VAZ, Paulo; SANCHOTENE, Nicole; SANTOS, Amanda. “Gorda, sim! Maravilhosa, também!”: corpo, desejo e autenticidade em testemunhos de vítimas de gordofobia no Youtube. Lumina, v.12, n.2, p.99-117, 2018.