Resumo

As fintechs se sobressaem, através de modelos de negócios específicos e com estratégias de inovação diferenciadas, fornecendo soluções disruptivas que atendem as exigências dos consumidores que buscam produtos e serviços simples de utilizar, independentemente do local ou do tempo (GOMBER; KOCH; SIERING, 2017). O modelo de negócio serve como um método para analisar a proposição de valor de uma empresa de forma holística, e auxilia na identificação das características das fintechs e sua relação com as estratégias de inovação.

As fintechs estão atreladas a um modelo de negócio inovador, e isso reforça a necessidade se explorar as características deste fenômeno contemporâneo, e compreender suas estratégias de inovação (Caria (2017). Essa pesquisa tem como objetivo é a proposta desta pesquisa, identificar as estratégias de inovação do modelo de negócios em fintechs presentes no contexto do Rio Grande do Sul. Para tanto, partiu-se da descrição do Business Model Canvas (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2010), e a compreensão da inovação do modelo de negócio das fintechs baseou-se no estudo de Caria (2017).

O presente estudo adota a definição de fintech como organizações do tipo startups que fornecem serviços financeiros inovadores habilitados pelas tecnologias da informação (ZAVOLOKINA; DOLATA; SCHWABE, 2016). A inovação no modelo de negócio pode ser a partir do desenho de novos modelos de negócios para organizações, ou quando acontece uma reconfiguração no modelo existente (MASSA; TUCCI, 2013). Caria (2017) identificou três correntes de estratégias de inovação do modelo de negócio características das fintechs: monetização de dados, foco centrado no cliente e ecossistema.

Realizou-se uma análise qualitativa, com base em entrevistas semiestruturadas, baseada nos elementos do modelo de negócios de Osterwalder e Pigneur (2010) e nas estratégias de inovação de Caria (2017). Os roteiros de entrevistas foram validados por especialistas da área: pesquisadores acadêmicos e profissionais atuantes no mercado de fintechs. Foram analisadas quanto empresas do estado do Rio Grande do Sul, e para ter uma visão mais ampla dos casos, entrevistou-se o gestor da fintech, um integrante do ecossistema da fintech, e um cliente da empresa.

Os resultados apontaram que as fintechs buscam, através do ecossistema, parceiros para alavancar e proporcionar escalabilidade em seus negócios. Ao analisar a estratégia de monetização de dados, constatou-se que, atualmente, os dados não são uma fonte de receita para os casos observados. Ainda, os dados da pesquisa apontam outras estratégias de inovação do modelo de negócio para as fintechs estudadas, que são: democratização dos serviços financeiros, transparência, foco em segmentos sub-atendidos e plataformas intuitivas.

Apesar do crescimento das fintechs no mercado nacional, os respondentes indicaram enfrentar barreiras para inovar, e, muitas vezes, as mesmas são criadas por órgãos governamentais e reguladores, tais como a proibição de publicizar os investimentos em moedas digitais e a regulação dos investimentos em crowdfunding. Os resultados indicam que a legislação também estimular a sua inovação e instigar a competitividade financeira, por meio de diferentes níveis de regulação, como por exemplo, incentivos fiscais e facilitação de licenças de serviços financeiros (LEE; SHIN, 2017).

CARIA,P.C. FinTech: an explorative study into the characteristics of their business models. 2017. GOMBER, P.; KOCH, J.-A.; SIERING, M. Digital Finance and FinTech: current research and future research directions. Journal of Business Economics, v. 87, n. 5, p. 537–580, 2017. LEE, I.; SHIN, Y. J. Fintech: Ecosystem, business models, investment decisions, and challenges. Business Horizons, v. 61, n. 1, p. 35–46, 2017. OSTERWALDER A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: A Handbook forVisionaries, Game Changers, and Challengers. Hoboken NJ: John Wiley e Sons, 2010.