Resumo

Título do Artigo

“COMPRE MENOS, ESCOLHA MELHOR E FAÇA DURAR”: a sustentabilidade na prática de vestir
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

Sustentabilidade na moda
Teorias de prática
Prática de vestir

Área

Marketing

Tema

Cultura e Consumo

Autores

Nome
1 - Thalita Silva Calíope
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Jose Carlos Lazaro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC

Reumo

A indústria da moda é reconhecida por suas características insustentáveis (ANGUELOV, 2015). Diante desse cenário, faz-se necessária uma transição. A slow fashion surge como uma alternativa. Essa transição pode ser analisada sob a ótica da teoria de práticas. A pesquisa justifica-se diante do gap existente na análise da moda e da sustentabilidade sob a lente da teoria de práticas (MARTÍNEZ-BARREIRO, 2020), uma vez que as práticas mundanas e ordinárias têm sido ignoradas pela moda, que enfatiza o novo e o espetacular (BUCKLEY; CLARK, 2017; SKJOLD, 2016).
O objetivo deste artigo é compreender a sustentabilidade na prática de vestir, considerando como e se os elementos da slow fashion são aplicados no cotidiano. Especificamente, busca-se identificar materiais, significados e habilidades nas práticas de aquisição, manutenção e reparo das roupas, em um contexto espacial e temporal.
Na teoria de práticas, as práticas sociais são as unidades de análise e o foco está em como são realizadas (HARGREAVES, 2011; RØPKE, 2009). Para Shove e Pantzar (2005), as práticas envolvem a integração de materiais, significados e habilidades e os materiais só têm valor se integrados na prática e aliados às habilidade e significados. A prática de vestir, é uma rede/malha de práticas que inclui a aquisição (onde, como e quando as pessoas adquirem roupas), armazenamento do vestuário, cuidados como lavar, secar, passar e reparar, e ainda como as peças são descartadas.
Essa pesquisa segue uma abordagem praxeológica. Como elemento chave do estudo tem-se a vivência de 5 meses em Berlin (maio a setembro de 2018), que levaram à realização de 24 entrevistas semiestruturadas e abertas em Berlim, onde a slow fashion é uma tendência (BERG, 2019), entre os meses de agosto e setembro de 2018. O roteiro da entrevista está dividido: inventário do guarda-roupa; tempo de uso das roupas e motivos para aquisição e descarte; reutilização de roupas de segunda mão; reutilização de roupas de formas inovadoras; manutenção das roupas; reparo das roupas; e dados demográficos.
A prática de vestir, como um composto de práticas, é performada em espaços bem delimitados, como o lugar onde a roupa é adquirida, o guarda-roupa, a lavanderia e o varal. Interpreta-se que quando brasileiros, que carregam práticas provenientes de um contexto diferente, deparam-se com lugares com espaços reduzidos e moldados para outras práticas, são convidados à mudança e são exigidas novas competências ou a readequação de antigas, como a organização do guarda-roupas e a separação das roupas periódica.
Com o objetivo de compreender a sustentabilidade na prática de vestir, encontrou-se que alguns elementos da slow fashion foram incorporados nessa prática, como a doação, a venda, a troca e o compartilhamento de roupas. Foram listadas 7 práticas que formam a prática de vestir, bem como os seus elementos - materiais, competências e significados. Todas essas práticas têm o mesmo material em comum: a roupa, seja ela usada, suja, ociosa ou que precisa de ajuste/conserto.
BUCKLEY, Cheryl; CLARK, Hazel. Fashion and everyday life London and New York. London: Bloomsburry, 2017. MARTINEZ-BARREIRO, Ana. Moda sostenible: más allá del prejuicio científico, un campo de investigación de prácticas sociales. Sociedad y Economía, n.40, p.51-68, 2020. doi: 10.25100/sye.v0i40.7934. SHOVE, Elizabeth; PANTZAR, Mika. Consumers, producers and practices: understanding the invention and reinvention of Nordic walking. Journal of Consumer Culture, v. 5, n. 1, p. 43–64, 2005.