Resumo

A Indústria 4.0 é considerada a grande tendência contemporânea dos sistemas produtivos, atraindo cada vez mais a atenção da academia e dos gestores das esferas privada e pública. Frente às transformações definidas por esta quarta revolução industrial, as organizações e os modelos de negócio devem se adaptar as premissas de automação, integração digital e engenharia inteligente. Logo, os governos apresentam função essencial no desenvolvimento de políticas públicas que direcionem a competitividade das nações diante das tecnologias emergentes.

Apesar do aumento das discussões relacionadas com essa temática e da adaptação das ideias conceituais ao contexto prático dos parques industriais, ainda são escassos os estudos que buscam sistematizar o estado da arte sobre essa nova “onda industrial” (LIAO et al., 2017) com lacunas específicas em pesquisas que analisem a intersecção entre a ação estratégica governamental e a Indústria 4.0 (LIAO et al.., 2018). Diante desse contexto, a pesquisa teve como objetivo: analisar criticamente o papel da política pública federal brasileira no desenvolvimento da Indústria 4.0.

Por conseguinte, os investimentos em tecnologia e inovação são fundamentais para superar estas barreiras e irão definir a capacidade do Brasil em aproveitar as oportunidades da Indústria 4.0, atuando de forma competitiva (CNI, 2016). Todo este cenário exige respostas das organizações produtivas aos desafios competitivos mediante soluções que ultrapassam fronteiras, o que define um importante papel estratégico governamental na reformulação e planejamento das políticas nacionais para a definição de diretrizes, padrões e bases estruturais que direcionem e consolidem a quarta revolução industrial

O presente artigo foi desenvolvido em duas etapas, a saber: (1) construção de um panorama sobre a competitividade da Indústria 4.0 no Brasil; (2) análise da Agenda brasileira para a Indústria 4.0 (2017-2019) do governo federal brasileiro. Diante do contexto abordado e do objetivo proposto neste artigo, no que se refere a pesquisa aplicada, foi utilizada uma abordagem qualitativa, pois há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito e, neste sentido, o uso de técnicas que permitam uma maior interação com o contexto investigado, devem ser privilegiadas.

A partir dos resultados, verifica-se que o Brasil não apresenta papel de destaque no contexto da Indústria 4.0, ocupando baixas posições nos rankings internacionais que mensuram a competitividade dos países. Ademais, é recente a inclusão brasileira no rol de nações que possuem políticas públicas para este direcionamento do setor produtivo e o país também enfrenta diversos desafios estruturais que impactam na adaptação dos modelos de negócios às demandas emergentes.

Conclui-se a partir dos resultados obtidos que esta pesquisa apresenta contribuições em dois sentidos: no âmbito acadêmico, por aprofundar as análises disponíveis na literatura sobre as características e o cenário da Indústria 4.0 no Brasil a partir das relações com as políticas públicas; e, no contexto gerencial, à medida que as análises geradas por este artigo podem viabilizar discussões que orientem a tomada de decisão dos gestores públicos quanto à melhoria e avanço das ações de incentivo para a adaptação dos setores produtivos nacionais às exigências da Indústria 4.0.

DE SOUSA JABBOUR, A. B. L. et al. When titans meet–Can industry 4.0 revolutionise the environmentally-sustainable manufacturing wave? The role of critical success factors. Technological Forecasting and Social Change, v. 132, p. 18-25, 2018. LIAO, Y. et al. Past, present and future of Industry 4.0-a systematic literature review and research agenda proposal. International journal of production research, v. 55, n. 12, p. 3609-3629, 2017. SUNG, T. K. Industry 4.0: A Korea perspective. Technological Forecasting and Social Change, v. 132, p. 40-45, 2018.