Resumo

Título do Artigo

DA ELEIÇÃO AO GABINETE: A SOCIALIZAÇÃO PROFISSIONAL DA MULHER NA POLÍTICA
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Palavras Chave

Socialização profissional
Gênero
Política

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras

Autores

Nome
1 - Izis Carolline Souza de Queiroz
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - são paulo
2 - Sofia Batista Ferraz
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - FGV-EAESP

Reumo

Apesar de avanços nas últimas eleições, o Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina, ocupando o terceiro lugar na América Latina em menor representação parlamentar de mulheres. Existem poucos sobre a socialização e a construção da identidade das mulheres no espaço público. Este estudo torna-se significativo frente ao atual cenário em que há um aumento da participação das mulheres na vida pública brasileira. De acordo com TSE (2020), nos últimos 20 anos, a presença das mulheres nas câmaras municipais dobrou, enfatizando a relevância dessa pesquisa.
Diante deste cenário, surge a pergunta de pesquisa: como ocorre o processo de socialização profisional da mulher na política? Dessa forma, o objetivo do presente artigo é investigar o processo de socialização profissional da mulher em espaços políticos.
Observa-se a dificuldade de a mulher se inserir em ambientes predominantemente masculinos (GIMENEZ, 2018) encontrando-se sub-representada na política sob condições de discriminação e aceitação velada pela sociedade (MEDEIROS, 2015). Dubar (2005) sugeriu três fases a partir do modelo de socialização profissional de Hughes (1958): Passagem através do espelho, idealização da profissão, a partir da cultura leiga; Instalação da dualidade, transição entre o estereótipo idealizado e a realidade vivida no trabalho; Ajuste da concepção de si, etapa final, com o abandono de estereótipos da profissão.
Quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza como de campo (dados primários). Utilizou-se de pesquisa exploratória qualitativa, com dez vereadoras e deputadas, acessadas por meio do método bola-de-neve (snowball) e entrevistas em profundidade realizadas por meio de roteiro semiestruturado pautado nas três fases de socialização (HUGHES; 1958; DUBAR, 2005): “Passagem através do espelho”, “Instalação da dualidade” e “Ajuste da concepção em si”. Os resultados foram submetidos à análise de conteúdo de natureza exploratória (CAMPUS, 2014).
As parlamentares imaginavam um trabalho que lhes proporcionassem debater ideais, ampliar o quórum feminino e espaço de fala. Entretanto, narram os aspectos negativos do modelo real, composto por burocracia, exposição, assédio e falta de credibilidade. Elas destacam a construção de uma identidade profissional por meio da liberdade da fala, estilo de vestir, formas de falar e ser referência para outras mulheres. As parlamentares possuem esperanças e visões positivas relacionadas às suas carreiras quando as revelam por meio de orgulho, realização profissional e conquista de direitos femininos.
O processo de socialização profissional é um desafio na busca por manter o equilíbrio entre o que o indivíduo idealiza e o que é real, como mencionado pelas parlamentares. Sobretudo, a posse de uma identidade individual fora uma conquista para as entrevistadas que passaram a enxergar crescimento profissional, o que resultou no anseio de evolução coletiva em relação à sub-representação das mulheres na esfera pública, produto da violência simbólica.
BUTLER, J. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade, 2003. DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Tradução Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2005. HUGHES, E. Men and their work. 1 ed. London: The Free Press, 1958. MIGUEL, L; BIROLI, F. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo Editorial, 2014. MIRANDA, M. Participação Das Mulheres na Política: À Busca Pela Concretização da Igualdade de Gêneros Como Instrumento da Efetivação da Democracia. Ambito Jurídico. São Paulo, 2019.