Resumo

O artigo apresenta uma discussão sobre a hospitalidade nas feiras de economia criativa à luz das relações entre stakeholders. Toma como base os princípios norteadores dessa economia, apresentados no Plano da Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cultura, como a diversidade cultural, a sustentabilidade, a inclusão social e a inovação. A valorização da economia criativa fomenta a inclusão de empreendedores cujo capital intelectual contribui para o estudo da hospitalidade e sua evidenciação pelas práticas a respeito das relações entre os stakeholders dos eventos.

Como a hospitalidade se evidencia nas relações entre os stakeholders das feiras de economia criativa sob a concepção dos princípios norteadores dessa economia? Para responder a esse questionamento, foi desenvolvido o presente artigo que tem por objetivo identificar a hospitalidade nas feiras de economia criativa da cidade de São Paulo, sob a concepção dos princípios norteadores da economia criativa, a partir das relações entre stakeholders.

O artigo se fundamentou na hospitalidade como fenômeno que se instaura no espaço constituído entre o sujeito (na sua forma singular e coletiva) que deseja acolher e o sujeito que deseja ser acolhido, na economia criativa que fomenta a inclusão de empreendedores que se utilizam de capital intelectual como principal insumo para seus serviços e produtos e nos stakeholders que são envolvidos desde a concepção até a realização do evento e que deve compreender as suas influências e atuações afetam os objetivos da organização.

Adotou-se como método a pesquisa de natureza qualitativa, de caráter exploratório, a partir de pesquisa bibliográfica e de campo, por meio de estudo de casos múltiplos, orientando a estratégia no uso de entrevistas realizadas com os organizadores e expositores das feiras. Foram realizadas nove entrevistas com três organizadores e seis expositores de feiras de economia criativa da cidade de São Paulo. Utilizou-se um roteiro semiestruturado de perguntas que teve base na fundamentação teórica. A análise dos resultados foi estruturada em cinco dimensões a partir dos 16 pontos-chave identificados.

Como resultados, tem-se que a hospitalidade pode ser evidenciada durante todo o processo de realização das feiras, tanto pela perspectiva do organizador quanto pela do expositor, mesmo que de forma não intencional pelas partes. No que tange à economia criativa, apenas alguns dos princípios norteadores puderam ser observados nas feiras e quando há a evidenciação de um ou mais deles, nem sempre aparecem de forma concomitante. Assim, não há forte evidência de que esses princípios potencializam as relações de hospitalidade.

O objetivo do estudo foi atingido a partir do que foi estabelecido no referencial teórico, nas pesquisas de campo e na análise dos resultados, pois como apresentado, as três feiras possuem características distintas em sua organização, mas unânimes em relação à falta de compreensão de uma potencial apropriação dos princípios norteadores que poderiam impulsionar as relações de hospitalidade entre os stakeholders. Ou seja, esses princípios não têm a devida relevância que essa economia estabelece e que se esperava em eventos que levam o nome de economia criativa.

CAMARGO, L. O. DE L. Hospitalidade. São Paulo: Aleph, 2004. CULTURA, M. DA. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações, 2011 – 2014. Brasília: Ministério da Cultura, 2011. FREEMAN, R. E. Strategic management: a stakeholder approach. Minessota: Harpercollins College Div, 1984. LASHLEY, C. Para um entendimento teórico. In: LASHLEY, C.; MORRISON, A. (Eds.). . Em busca da Hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. p. 1–24.