Resumo

Título do Artigo

Aliança Estratégica de Participação Acionária entre uma Cooperativa Láctea e sua Concorrente: motivação de criação e causas de terminação
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

agronegócio
coopetição
joint venture

Área

Agribusiness

Tema

Estratégia e Competitividade nas cadeias agrícolas

Autores

Nome
1 - Gustavo Leonardo Simão
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento de Administração

Reumo

A cadeia produtiva do leite passou por consideráveis modificações estruturais em diversos países, incluindo o Brasil, a partir do início da década de 1990. Assim, a partir desse contexto, os níveis de competitividade se acirraram, houveram concentrações de mercado e, por consequência, decisões estratégicas tiveram de ser implementadas com a finalidade de garantir a sustentabilidade das organizações remanescentes. As cooperativas lácteas tiveram que reagir a esse cenário de modificações competitivas, inclusive aquelas de grande porte, e inúmeras alianças estratégicas foram constituídas.
A partir de um cenário de concentração de mercado da cadeia produtiva do leite brasileiro, este trabalho tem por pretensão responder a seguinte questão de pesquisa: quais são os principais motivadores de criação e de terminação de uma aliança estratégica de participação acionária entre uma organização cooperativa tradicional do agronegócio lácteo e um potencial concorrente?
Alianças estratégicas são relações contratuais entre duas ou mais organizações constituídas para o alcance de objetivos mútuos e individuais pelo compartilhamento e/ou criação de recursos (TJEMKES; VOS; BURGERS, 2017). Segundo Inkpen e Beamish (1997), as alianças estratégias surgem como uma alternativa para a obtenção de maior competitividade em mercados concentrados. Porém, Gast et al. (2019) salientam que choques de culturas organizacionais, falta de coordenação, diferenças operacionais e processuais e a possibilidade do fortalecimento de um competidor, se tornam barreiras à parceria.
A natureza desta pesquisa se pautou por uma abordagem essencialmente qualitativa-descritiva. O caso, enquanto ponto de análise central, é aliança estratégica implementada pelos gestores de uma cooperativa central de processamento de laticínios, situada na região sudeste do Brasil, aqui denominada Cooperativa Alfa. As informações necessárias à resposta do problema de pesquisa foram obtidas mediante dois métodos: entrevista semiestruturada e pesquisa documental.
Um dos enfoques principais na emersão da Leite Bom S.A. (joint venture) foi criar condições de captação de recursos por parte da cooperativa, em vista de sua fragilidade financeira. Em 2017, a parceira da cooperativa central na aliança estratégica foi vendida, o que fez com que houvesse a utilização de uma prioridade de aquisição contratual, frustrando a expectativa do adquirente em relação à sua incorporação na joint venture. Entretanto, logo após a reaquisição, a cooperativa comercializou toda a empresa para um terceiro ator, o que originou disputas jurídicas e alegações de fraudes.
Os resultados permitem concluir que havia relação assimétrica nas motivações da criação da aliança estratégica que lança dúvidas sobre um princípio central na consolidação de uma relação de parceria, o interesse em comum. Essa relação assimétrica se dava em virtude da fragilidade financeira da cooperativa central. Percebeu-se, também, que, não fosse a garantia do direito preferencial de recompra pelas partes, haveria a incorporação de um ator externo na aliança, o que ampliaria o risco relacional e a proteção do know-how existente.
GAST, J. et al. Knowledge management and coopetition: How do cooperating competitors balance the needs to share and protect their knowledge?. Industrial Marketing Management, v. 77, p. 65-74, 2019. INKPEN, A. C.; BEAMISH, Paul W. Knowledge, bargaining power, and the instability of international joint ventures. Academy of Management Review, v. 22, n. 1, p. 177-202, 1997. TJEMKES, B.; VOS, P.; BURGERS, K. Strategic alliance management. New York : Routledge, 2017.