Resumo

O estudo tem como teoria de base a estratégia como prática social (EPS), que considera ações, interações e negociações de múltiplos atores na construção de um conjunto de situações práticas que se articulam em uma determinada atividade. Nesta pesquisa, optou-se por estudar o processo de elaboração, acompanhamento e controle do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Plano Anual de Trabalho (PAT) do Campus São Miguel do Oeste do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) do período de 2015 a 2019, sob a perspectiva da Estratégia como Prática Social (EPS).

O objetivo geral deste estudo consiste em analisar como a abordagem da Estratégia como Prática Social contribuiu para a compreensão da relação das iniciativas planejadas e executadas entre o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2015-2019 e o Planejamento Anual de Trabalho (PAT) do Campus São Miguel do Oeste do Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC.

A estratégia como prática social é vista como algo que as pessoas fazem nas organizações, abrangendo comportamentos, rotinas, procedimentos, alocação de recursos, e ainda a prática do planejamento e dos planos (Jarzabkowski, 2005, & Whittington, 2006). Jarzabkowski, Kavas e Krull (2021) refletem sobre as ações que podem interferir nas decisões estratégicas e destacam a importância da visão prática revigorada, como forma de ver a estratégia a partir da imersão em práticas cotidianas para entender quais delas podem ser importantes, estratégicas ou consequentes.

A pesquisa adotou o estudo de caso com abordagem qualitativa de caráter descritiva e interpretativa. Os dados foram coletados por meio de pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas e tratados com a técnica de análise de conteúdo. Complementarmente, adotou-se a triangulação dos dados entre documentos, entrevistas e referencial teórico como elemento de validação.

Foi realizada análise do PDI e PAT do Campus separadamente, tomando por base documentos e transcrições das entrevistas, traçando posteriormente um paralelo comparativo entre ambos. Constatou-se que o IFSC elabora o PDI com participação de representações institucionais. O mesmo ocorre no âmbito do Campus quando da elaboração do PAT. No entanto, as práticas revelam que não há a devida integração destes documentos e o controle das respectivas execuções não acontecem como deveriam. Os praticantes do nível estratégico e os dos campi possuem perspectivas diferentes acerca de como fazer estratégia.

Como outras instituições públicas, o IFSC vivencia o desafio de integrar, organizar e sistematizar o acompanhamento do PE entre os Campi. E isso só será possível com comprometimento da equipe executiva e órgãos colegiados, que deverão divulgar de forma clara e ampla as vantagens e os alcances obtidos no PE. Além disso, investir em capacitação das pessoas para entenderem as escolhas estratégicas e os caminhos para atingi-las é algo ao alcance do IFSC, pois estes são elementos essências da EPS e também da perspectiva Aprendizagem e Crescimento do BSC que podem representar avanços institucionais.

Jarzabkowski, P. (2003). Strategic practices: An activity theory perspective on continuity and change. Journal of Management studies, 40(1), 23-55. Jarzabkowski, P., Kavas, M. & Krull, E. (2021). It’s Practice. But is it Strategy? Reinvigorating strategy-as-practice by rethinking consequentiality. Organization Theory, 2, 1-13. Whittington, R. (1996). Strategy as practice. Long Range Planning, 29(5), p. 731-735. Whittington, R. (2006). Completing the practice turn in strategy research. Organization Studies, 27(5), p. 613-634.