Resumo

Título do Artigo

O MÉTODO DE MARX: MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO
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Palavras Chave

Método
Marx
Materialismo Histórico e Dialético

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Paloma Araújo Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Recife

Reumo

Considerada a totalidade da sua obra, Marx não publicou nenhum texto dedicado ao método de pesquisa propriamente dito (PAULO NETTO, 2009). No entanto, é possível recuperar do conjunto de sua elaboração teórica, orientações a respeito da sua concepção teórico-metodológica; a qual se apresenta, de acordo com Santos e Bezerra Netto (2018, p. 55), com “irrefutável coerência interna”, podendo, portanto, ser utilizada para operacionalizar investigações cientificas que que se debruçam sobre os mais variados objetos de pesquisa que compõem o acervo das chamadas ciências sociais.
Atualmente, muitos estudos tratam do método de Marx de forma muito complexa, recorrendo pouco à uma lógica didática. No entanto, é de grande valia para os pesquisadores, sobretudo os iniciantes, textos introdutórios, que se disponham a explicar o método de Marx, o materialismo histórico e dialético, de forma simples, mas não simplista. O objetivo deste ensaio metodológico é contribuir com esse desafio; não pretendo, portanto, fazer uso de discussões mais aguçadas. Estas são discussões importantes, mas que não cabem no espaço deste texto.
Em carta a Joseph Dietzgen, em 9 de em maio de 1868, Marx (2010b, p. 31) afirma que as leis fundamentais da dialética estão dispostas no pensamento de Hegel, porém repletas de misticismo. Para Marx e Engels, não é a ideia que contém as contradições, mas o real (FARIA, 2011a). Também é o real que está em constante movimento e é nele que se estabelecem as relações (FARIA, 2011a). Isso significa que a ideia não surge de forma abstrata (FERNANDES, 2020), mas é resultado da realidade material transposta para nossa cabeça pensante (MARX, 2011).
Na área da administração, as teorias organizacionais, por exemplo, são apresentadas, por vezes, como pura genialidade de seus autores. Essas teorias organizacionais, no entanto, não surgiram de forma abstrata, mas somente puderam surgir em determinadas condições sociais e em dado momento histórico. Como Gurgel e Justen explicam, as teorias organizacionais são o resultado da apreensão da sociedade burguesa e de seus problemas. Correspondem à necessidade de respostas às demandas das relações de produção ao longo do desenvolvimento capitalista.
A análise das teorias organizacionais sob a perspectiva do materialismo histórico e dialético deve considerar que as ideias são formuladas a partir das condições materiais existentes, historicamente situadas. Desconsiderar o caráter histórico da realidade não somente reduz as chances de compreender adequadamente o presente, mas também de enxergar possibilidades para o futuro (MELO, 2019). O método marxiano pressupõe que o pesquisador assuma uma postura política de desvelamento do real, apontando suas contradições, suas construções ideológicas e as mediações sociais (SILVA, 2019).
FARIA, J. H. de. Epistemologia crítica do concreto e momentos da pesquisa: uma proposição para os estudos organizacionais. RAM. Revista de Administração Mackenzie, v. 16, n. 5, p. 15-40, 2015. FARIA, J. H. de. O materialismo histórico e as pesquisas em administração: uma proposição. XXXV Encontro da ANPAD, p. 1-16, 2011a. FERNANDES, S. Se quiser mudar o mundo: um guia político para quem se importa. São Paulo: Planeta, 2020.