Resumo

Durante o período de pandemia, as áreas de (Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas (T&D) de companhias do mundo inteiro tiveram que responder rapidamente aos problemas de saúde pública e viram no meio digital uma possibilidade de alcançar seus funcionários de maneira segura, através da aprendizagem remota (CHRISTENSEN, 2020; ALMEIDA, 2003; ALMEIDA, 2007). Os provedores de aprendizagem digital reconhecem o COVID-19 como um catalisador para o processo de aceleração da transformação das empresas (KSHIRSAGAR, 2020).

O principal objetivo deste artigo é discutir, a partir de um estudo de caso realizado durante o ano de 2020 em uma indústria metal-mecânica do sul do Brasil, como se deu o processo de cocriação de conteúdos relacionados às atividades da empresa através da plataforma digital LMS (Learning Management System – Sistema de gestão de aprendizado) entre os funcionários durante o período de pandemia do Coronavírus (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

O termo cocriação tornou-se mais conhecido na literatura de Administração com o lançamento do best-seller “O Futuro da Competição” (2004), de Prahalad e Ramaswamy. Os autores trouxeram à tona a questão que os consumidores estão cada vez mais informados, interligados, ativos e com poderes de escolha e que a cocriação exigiria um envolvimento maior do usuário, pois os momentos de participação se estenderiam para além da produção e do desenvolvimento do produto (PRAHALAD; RAMASWAMY, 2004).

Com o objetivo analisar de maneira crítica como este processo é percebido por estes funcionários convidados desta organização, foi realizada uma pesquisa qualitativa de cunho descritivo-exploratório com 12 entrevistados. Uma vez coletados estes dados, tornou-se possível criar uma categorização seguindo os preceitos da Análise de Conteúdo de Bardin (1977) que será devidamente apresentada nos resultados da pesquisa.

A partir do processo de análise e categorização proposto por Bardin (1977) chegou-se ao número de 14 categorias iniciais, que foram agrupadas em 4 categorias intermediárias, chegando a 2 categorias finais. As 14 categorias iniciais encontradas buscaram entender características gerais dos funcionários, dados introdutórios, qual conteúdo foi construído e quando, quanto tempo levou para a construção dos materiais, como se deu a interação entre as áreas. As categorias finais foram divididas em duas discussões: como se deu o processo de cocriação de conteúdos e prosumption.

Com os dados empíricos que foram coletados é possível perceber que existe um grande esforço e interesse em “destrancar o potencial criativo” (ARVIDSSON, 2008; ZWICK, 2008) dos funcionários que, a partir do convite para a cocriação de conteúdos que são de interesse da organização. Nas entrevistas realizadas, com exceção de uma fala, todos foram uníssonos em celebrar a possibilidade desse compartilhamento sem questionar se aquilo que estão fazendo ultrapassaria o tempo do expediente ou se mereceriam algum tipo de bônus ou compensação pela atividade.

ARVIDSSON, A. The ethical economy of customer coproduction. Journal of Macromarketing, 28, 4, p. 326-338, 2008. COMOR, E. Contextualizing and critiquing the fantastic prosumer: Power, alienation and hegemony. Critical Sociology, v. 37, n. 3, p. 309-327, 2011. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 1977. RITZER, G. Prosumption: Evolution, revolution, or eternal return of the same?. Journal of Consumer Culture, v. 14, n. 1, p. 3-24, 2014. ZWICK ET AL. Putting Consumers to Work: Co-creation and new marketing govern-mentality. Journal of consumer culture, v. 8, p. 163-196, 2008