Resumo

Título do Artigo

As Interfaces entre Trabalho Feminino e Saúde Mental: um recorte analítico das experiências socioprofissionais de mulheres engenheiras
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Palavras Chave

Trabalho
Gênero
Saúde Mental

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Isabel Cristina da Silva Arantes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI (UNIFEI) - Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG
2 - Elisa França Nery Pfeilsticker
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI (UNIFEI) - Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG
3 - Késia Aparecida Teixeira Silva
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Barreiro
4 - Sandra Miranda Neves
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI (UNIFEI) - Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
5 - Eliana da Fátima Souza Salomon
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI (UNIFEI) - Instituto de Gestão e Produção - IEPG

Reumo

A relação entre trabalho/gênero/saúde mental é uma discussão proeminente na atual conjuntura. Observamos um aumento significativo de doenças mentais, como estresse/ansiedade/depressão/burnout, dentre outras patologias socioprofissionais. Perspectiva que reforça a necessidade da construção de interfaces investigativas entre a dinâmica de trabalho e a saúde mental, especialmente em mulheres. Assumimos que o gênero é um determinante social na compreensão da saúde mental, pois as condições desiguais entre homens/mulheres produzem impactos distintos para eles, especialmente nas relações de trabalho
Constatamos que as dinâmicas de trabalho atreladas à segregação ocupacional por gênero têm forte ligação com o agravamento da condição psíquica/emocional e saúde mental das mulheres. Esse quadro se evidencia nas Engenharias. Assim, objetivamos discutir as interfaces entre trabalho feminino e saúde mental a partir das experiências socioprofissionais de mulheres engenheiras atuantes em São Paulo e Minas Gerais. Buscamos: identificar como elas se sentem enquanto mulheres; compreender como se sentem desempenhando o trabalho na engenharia; e diagnosticar como se encontram em relação à saúde mental.
As mulheres constituem um subgrupo relevante na análise de saúde mental, pois são consideradas mais vulneráveis a transtornos mentais devido às experiências do ciclo de vida, influências hormonais (explicações biológicas) e vulnerabilidades à violência/exploração/discriminação de gênero (explicações sociais) (ZANELLO, 2018). Assim como gênero, a saúde mental pode ser explicada por duas correntes distintas: a vertente biologizante e a sócio-histórica. A saúde mental é mais que ausência de patologias, transtornos mentais e deficiências, é um estado completo de bem estar físico, mental e social.
O estudo se classifica como qualitativo-interpretativo, bibliográfico e de campo. O universo pesquisado é representado por seis engenheiras atuantes em São Paulo e Minas Gerais nas Engenharias Civil, Elétrica, Produção e Mecânica por acessibilidade/conveniência. Realizamos entrevistas online (via google meet) por meio de roteiro semiestruturado. O processo analítico das narrativas da análise de conteúdo, envolvendo a pré-análise (organização das informações), a exploração (identificação dos trechos mais significativos) e o tratamento analítico (articulação empírica com o embasamento teórico).
Na qualidade de mulher, vimos que esses sentimentos são duais e paradoxais entre sentir-se feliz e reconhecer os preconceitos aos quais a condição de mulher lhes impõe. Em relação ao trabalho, elas se sentem mais cobradas comparadas aos homens, com necessidades de autoafirmação sobre suas potencialidades/competências e demonstram se esforçarem mais. Em termos de saúde mental, elas se encontram estressadas, com dores de cabeça, cansadas, com dificuldades de equalizar vida/trabalho, em rotinas pesadas/intensas, abaladas por assédios e conscientes dos fatores que ameaçam suas saúdes mentais.
As interfaces entre trabalho, gênero e saúde mental se perfazem nas histórias e trajetórias socioprofissionais dessas mulheres em seus processos de subjetivação do corpo e da mente às dinâmicas laborais e efeitos sociais decorrentes. O fato de serem mulheres denota enfrentamentos no trabalho como engenheiras (subjulgação/preconceitos/desqualificação/assédios) que são internalizados e atuam negativamente sobre a saúde mental, suscitando indícios de adoecimentos e sofrimentos (físico e psíquico), todavia, estratégias de atenuamento dos fatores estressores foram observadas.
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